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Catalunha: 80% das testemunhas de acusação dos independentistas são polícias

O julgamento dos independentistas catalães começa dia 12. A esmagadora maioria das testemunhas chamadas pela acusação feita aos líderes independentistas catalães pertence à policía. O Supremo Tribunal recusou o reconhecimento do estatuto de observador internacional à Amnistia Internacional.
Foto de Assemblea.cat/Flickr

Mesmo quem não concorde que este seja um julgamento político, não deixará de reconhecer que é um julgamento entre políticos. Para além de oito em cada dez das testemunhas serem polícias, do rol de testemunhas fazem parte ex-governantes e políticos como o ex-Presidente do governo Mariano Rajoy e a vice-Presidente Soraya Sáenz de Santamaría, o lendakari do governo basco, Íñigo Urkullu, o presidente do parlamento catalão Roger Torrent, Artur Mas, ex-Presidente da Generalitat da Catalunha e Ada Colau, alcadessa de Barcelona

Foram recusados como testemunhas: Felipe de Borbón, rei, Carles Puigdmont, ex-Presidente da Generalitat e Marta Rovira, ex-secretária general da Esquerda Republicana Catalã, estes dois também acusados, Noam Chomsky e Paul Preston, um historiador inglês especialista na história de Espanha.

E, para além do Estado, a acusação particular patrocinada pelo partido de extrema-direita VOX propôs também ela 60 testemunhas.

Os polícias chamados a testemunhar fizeram parte das operações policiais lançadas pelo Estado Espanhol na tentativa de bloquear o referendo à auto-determinação da Catalunha realizado a 1 de outubro de 2017.

Os independentistas catalães são acusados dos crime de rebelião (caracterizado como “levantamento violento e público” e punível com 25 anos de cadeia), desobediência, sedição e desvio de fundos públicos enfrentam um pedido de 177 anos de prisão. Nove deles têm estado em prisão preventiva. A este número juntam-se sete outros independentistas estão noutros países europeus que são também alvo deste processo mas não estarão no julgamento. A extrema-direita direita, que constituiu acusação privada, junta-lhe a acusação de organização criminosa.

Os nove presos foram transportados esta sexta-feira para Madrid onde aguardarão o início do julgamento. Quim Torra, atual presidente da Generalitat, encontrou-se com os prisioneiros antes de serem transportados. E também vários deputados fizeram questão de marcar presença junto às instalações penitenciárias nesta ocasião. Para além deles, houve concentrações de independentistas ao longo das estradas que gritaram “liberdade, presos políticos!”

Houve um ferido numa tentativa de bloqueio de uma estrada. Os manifestantes tentavam impedir o transporte da ex-Presidenta do Parlamento da Catalunha, Carme Forcadell.

Dada a delicadeza do processo, tanto a Amnistia Internacional quanto a plataforma International Trial Watch-Catalan Referendum Case, tinham pedido o estatuto de observadores internacionais do processo. O Supremo Tribunal espanhol recusou a atribuição deste estatuto às instituições que o requereram com base no argumento de que as sessões serão televisionadas.

A International Trial Watch-Catalan Referendum Case é uma plataforma composta por organizações de defesa dos direitos humanos criada especificamente para proteger os direitos dos acusados neste processo.

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