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Carolina Iara, autarca do PSOL em São Paulo, foi alvo de atentado

Na madrugada de terça para quarta-feira foram disparados dois tiros para o interior da sua casa. A co-vereadora diz que "não podemos permitir que São Paulo repita a história do Rio de Janeiro e tenha a Mariella Franco aqui. Uma Marielle Franco trans”.
Carolina Iara. Foto do PSOL.
Carolina Iara. Foto do PSOL.

Mulher, negra, travesti e intersexo, Carolina Iara incomoda. Eleita co-vereadora por São Paulo em 2020, pela Bancada Feminista, foi alvo de um atentado na madrugada desta quarta-feira, tendo saído ilesa dos dois disparos contra a sua casa.

As imagens de uma câmara de segurança confirmam que um carro branco, com vidros escuros parou em frente à sua casa durante três minutos, entre às 2h07 e 2h10, o horário em que os disparos foram ouvidos na vizinhança.

O partido de que é militante, o PSOL, informou em nota que “tanto ela como a família estão bem e ninguém ficou ferido” e que “medidas urgentes de segurança foram tomadas ao longo desta quarta-feira”, tendo sido apresentada queixa na Delegacia de Proteção à Pessoa.

A Bancada Feminista, pela qual foi eleita, acredita que Iara foi vítima de um “crime político” por ser ativista dos movimentos trans e exige uma “investigação imediata, pois não podemos permitir que uma mulher preta, travesti e intersexo seja silenciada com violência”. Esta estrutura obteve, nas passadas eleições municipais em São Paulo, a sétima maior votação. Carolina Iara é co-vereadora, uma modalidade de mandato coletivo em que partilha a representação com outras pessoas, neste caso a professora de História Silvia Ferraro, a ativista do movimento negro Paula Nunes, a advogada de formação mas trabalhadora das plataformas online e militante ecossocialista Dafne Sena e a militante do veganismo Natália Chaves.

Carolina Iara contou o sucedido em conferência de imprensa:

Sobre o caso, a própria Carolina Iara diz  que "não podemos permitir que São Paulo repita a história do Rio de Janeiro e tenha a Mariella Franco aqui. Uma Marielle Franco trans”.

Isto porque este caso ocorre quase três anos após Marielle Franco, vereadora no Rio de Janeiro pelo mesmo partido, ter sido assassinada a tiro, junto com o seu motorista Anderson Pedro Mathias Gomes. A investigação do caso apontou para o envolvimento das milícias no crime e acusou diretamente dois ex-polícias, Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz, de serem os autores materiais do crime. Os mandantes continuam impunes.

Catarina Martins enviou mensagem de solidariedade

A coordenadora do Bloco de Esquerda enviou ao presidente do PSOL uma mensagem de solidariedade após "mais um ato vil num país que ainda exige justiça pelo cobarde assassinato de Marielle e Anderson".

"Sabemos que o ano de 2020 já é considerado o mais violento contra candidatos e candidatas no Brasil e que as mulheres são o maior alvo de insultos e ameaças, sobretudo da violência racista, machista, homofóbica e transfóbica que procura silenciar vozes corajosas", prosseguiu a coordenadora bloquista, pedindo a Juliano Medeiros que "transmita a Carolina, ao partido e a todas as suas eleitas e eleitos a nossa solidariedade e compromisso com a denúncia da violência política alimentada pela política de ódio de Bolsonaro no Brasil".

Deputada federal do PSOL escreveu à ONU sobre as ameaças de morte de que é alvo

Na passada sexta-feira, a deputada federal do PSOL Talíria Petrone, eleita pelo Rio de Janeiro, alertou as relatoras de direitos humanos das Nações Unidas para as ameaças de morte que tem recebido.

“Como deputada eleita, defensora dos direitos humanos, negra que identifica-se com as lutas contra o racismo, misoginia e outras formas de intolerância, eu percebo as ameaças dirigidas a mim como uma ameaça à própria democracia”, afirmou a deputada à Carta Capital.

Sob escolta da Policia Legislativa desde junho, devido aos alertas da polícia do Rio de Janeiro sobre o risco de segurança que corre, Talíria Petrone é alvo de ameaças de morte desde que foi eleita em 2016 como autarca na cidade de Niterói, o mesmo ano da eleição de Marielle Franco no Rio. Para além da ausência de investigação sobre a origem das ameaças que sobre si recaem, na sua carta às Nações Unidas a deputada pede também explicações ao governo brasileiro sobre a investigação ao assassinato de Marielle, ainda sem conclusões sobre a identidade do mandante do crime.

“A democracia está andando a passos largos para trás. Não acho que seja algo de incapacidade, é uma decisão política de não haver uma resposta. Isso é fruto dos tempos que estamos vivendo, de um autoritarismo sem tamanho e pouco apreço à democracia”, sublinhou Talíria à Carta Capital.

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