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Canal do Panamá ameaçado pelas alterações climáticas

O aumento da temperatura e as alterações no volume das chuvas fazem com que o Canal do Panamá já sofra com a falta de água. Em 2019 esta via marítima operou com cerca de 3 mil milhões de metros cúbicos de água, quando o valor considerado adequado para uma boa operação é de 5,2 mil milhões.
Canal do Panamá ameaçado pelas alterações climáticas
Foto de André Ribeiro/Flickr.

O governo do Panamá celebrou os 20 anos da transferência da administração do Canal do Panamá ao país fazendo saber que esta via marítima já sente a falta de água decorrente das alterações climáticas.

Laurentino Cortizo, presidente do Panamá, fez saber que estes 20 anos de administração panamenha foram marcados pela “maior eficiência” e aumento de lucros que o governo canalizou “para o desenvolvimento do país”. O Canal do Panamá foi administrado pelos Estados Unidos da América desde a sua inauguração em 1914 até 1999, altura em que passou para a responsabilidade dos governo do Panamá. Porém, o discurso foi marcado pelo alerta de que as alterações climáticas já afetam a operação normal daquela via marítima.

"Não somente a água para o consumo humano, mas para a produção de alimentos e para abastecer o canal", destacou Laurentino Cortizo.

"Neste século, vimos novas oportunidades e ameaças, a maior delas é mudança climática e seus efeitos, que claramente já nos afetam", acrescentou Ricaurte Vásquez, administrador do Canal do Panamá, via marítima usada especialmente para ligar a Ásia à costa leste dos Estados Unidos da América.

De acordo com Vásquez, os impactos do aquecimento global já são evidentes: as chuvas ficaram 27% abaixo da média em 2019, enquanto o aumento da temperatura no Lago Gatún, que chegou a 1,5°C nos últimos dez anos, impulsionou uma maior evaporação da água nos reservatórios que abastecem a via marítima, noticiou hoje a publicação alemã DW.

O canal teve apenas 3 mil milhões de metros cúbicos de água no ano de 2019 – o valor considerado ideal para uma operação sustentável rondaria os 5,2 mil milhões. Como consequência desta redução, as companhias de navegação optaram por rotas alternativas, como o Canal de Suez.

Como solução com vista a minorar estes impactos negativos, a administração do Canal do Panamá pretende implementar medidas como a transferência de rios para encontrar novas fontes de água, a construção de novos reservatórios ou a dessalinização da água do mar.

Em 2019, o Canal do Panamá gerou lucros de 3,37 mil milhões de dólares, o valor mais alto observado desde que em 2016 terminaram as suas obras de ampliação. Apesar do aumento dos lucros, o recurso a esta via marítima tem observado um decrescimento. A percentagem do comércio mundial que transita por esta via é de 3,5%, sendo que até recentemente era de 5%.

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