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Califórnia assiste à maior greve universitária de sempre nos EUA

Mais de 48 mil professores, bolseiros e trabalhadores da Universidade da Califórnia iniciaram uma greve esta segunda-feira. Queixam-se do aumento do custo da habitação, que hoje lhes leva mais de metade do salário.
Foto Jonathan Rosenblum/Twitter

Os trabalhadores académicos sindicalizados dos 10 campus universitários da Universidade da Califórnia estão em greve desde a manhã de segunda-feira, em luta por melhores salários. São responsáveis pela maior parte do ensino e investigação na principal instituição de ensino superior deste estado norte-americano, o que faz desta greve a maior do setor na história dos Estados Unidos da América.

O dia ficou marcado pelo cancelamento de aulas, encerramento de laboratórios e manifestações de protesto nos vários campus, enquanto decorrem as negociações entre a direção da Universidade e o sindicato que os representa, o United Auto Workers (UAW). A greve foi marcada no início do mês após uma votação histórica de mais de 36 mil trabalhadores - a maior de sempre no setor -, com 98% a apoiarem a paralisação.

As negociações salariais arrastam-se há mais de um ano sem resultados satisfatórios para os trabalhadores da Universidade da Califórnia, que vivem numa das regiões com o preço da habitação mais caro de todo o país. Apesar de haver residências nos campus arrendadas a preços abaixo do mercado, este está de tal forma inflacionado que mesmo esses preços controlados consomem a maioria do salário dos trabalhadores, que recebem em média entre 20 a 25 mil dólares anuais.

Outras reivindicações são o pagamento de subsídios para cuidados e mais cobertura médica para os filhos, passes de transporte público, redução das propinas para académicos internacionais e melhores acessibilidades para trabalhadores com deficiência.

A Universidade tem cerca de 300 mil alunos inscritos e a proximidade da época de exames aumenta a pressão para o avanço negocial. A direção propôs na segunda-feira a entrada de um mediador neutral nas negociações, afirmando que a sua proposta coloca os trabalhadores "entre os que estão no topo da grelha salarial" no ensino superior público, comparável aos salários praticados nas universidades privadas.

Os sindicatos respondem que pretendem ver os salários elevados de forma a que o custo com as rendas não ultrapasse 30% do rendimento e acusam a universidade de ter violado mais de vinte vezes a lei laboral durante as negociações, procurando negociar diretamente com grupos de trabalhadores ou alterando condições laborais sem o recurso à negoaicação coletiva. Segundo Neal Sweeney, presidente da UAW, foram estas violações que estiveram na origem da greve. "A universidade tem de negociar de forma justa", diz o sindicalista ao New York Times. "Se o fizerem, achamos que podemos alcançar um acordo transformador", garantiu.

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