You are here

Brigada de combate ao tráfico de droga da PJ sob investigação

Investigadores da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Polícia Judiciária estão sob investigação. A revista Sábado diz que há suspeitas de estarem a soldo de um cartel colombiano e ao mesmo tempo desviarem centenas de quilos de cocaína apreendida.
Na operação que bateu o recorde de apreensões em 2013, houve 500 quilos de cocaína que conseguiram escapar da polícia. O caso está sob investigação. Foto Tiago Petinga/Lusa

A notícia desta quinta-feira da revista "Sábado" diz que o caso sob investigação pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) partiu de uma denúncia de um ex-inspetor da Polícia Judiciária (PJ) agora ligado a um cartel colombiano, que se queixava de estar a receber ameaças de morte, que se estenderam à sua irmã, juíza em Lisboa. Os traficantes terão ficado furiosos com o desaparecimento de centenas de quilos de cocaína, numa operação falhada de busca a um contentor no porto de Sines que contou com mais de dez inspetores da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Polícia Judiciária (UNCTE). E suspeitaram do envolvimento do chefe de uma brigada e de um ex-coordenador da Polícia Judiciária, ligado ao combate ao narcotráfico e já reformado.

Outra operação ocorrida também no verão passado com os mesmos protagonistas e que foi anunciada com pompa pela PJ como a maior apreensão do ano — mais de 800 quilos de cocaína num navio atracado no porto de Lisboa – também está agora na mira dos investigadores do DCIAP. Apesar da dimensão desta apreensão, ninguém foi preso e soube-se através das escutas telefónicas aos suspeitos que havia outras três paletes desaparecidas com mais de 500 quilos de cocaína. 

Quando os colombianos ameaçaram os traficantes portugueses sob escuta, estes revelaram em sms trocados entre si que haviam sido pagos dezenas de milhares de euros a um intermediário com destino a inspetores da PJ, para localizarem as paletes em falta e impedirem a sua apreensão. Segundo a Sábado, os 29 telemóveis apreendidos a estes traficantes desapareceram da sede da PJ antes de serem submetidos a perícias, sendo depois recuperados com a culpa a recair sobre uma empregada de limpeza. A UNCTE prendeu os dois traficantes, mas deixou o intermediário em liberdade, alegando tratar-se de um informador, e acabou por ser afastada das investigações pelos procuradores do DCIAP. Quanto às paletes desaparecidas, acabaram por ser apreendidas pela polícia na Grécia.

Ainda segundo a revista Sábado, os dois traficantes terão passado a colaborar com a investigação, apontando o chefe da brigada que os prendeu como um dos destinatários dos pagamentos e revelando que pediram a um ex-coordenador da PJ para confirmar se o dinheiro tinha sido recebido. Os dois visados nas denúncias são também os principais suspeitos pelos desvios da droga que estão em investigação.

Com o decurso da investigação, o ambiente de trabalho na UNCTE está longe de ser o melhor, já que vários inspetores têm consciência de estarem a ser escutados e terem os movimentos sob vigilância. Alguns já manifestaram o desejo de sair da unidade e um dos principais visados nas investigações já conseguiu autorização para ser transferido para a Diretoria de Lisboa da PJ.

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Sociedade
(...)