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BPI passa a sucursal do CaixaBank

Na sequência da OPA, o banco espanhol passa a deter 84,5% do BPI. Fernando Ulrich vai para presidente não-executivo. Líder do CaixaBank diz que saída de 900 trabalhadores é um “número indicativo” e será por “mútuo acordo”.
Fernando Ulrich na conferência de imprensa de apresentação dos resultados da OPA do CaixaBank – Foto Tiago Petinga/Lusa
Fernando Ulrich na conferência de imprensa de apresentação dos resultados da OPA do CaixaBank – Foto Tiago Petinga/Lusa

"A melhor solução para o BPI foi esta. Não me preocupa ser uma sucursal de um banco espanhol", declarou o fundador e ainda presidente não-executivo do BPI, Artur Santos Silva, segundo o Expresso, na conferência de imprensa onde foram apresentados os resultados da OPA do CaixaBank.

Santos Silva acrescentou ainda que "quando a troika entrou, o Itaú pensou que o destino de Portugal ia ser o mesmo que o da Grécia, e que o BPI iria ter o mesmo destino que os bancos gregos, e quis sair. Isso desequilibrou a estrutura acionista do banco".

Para Santos Silva a saída do Itaú "conduziu a que dois acionistas do banco (o Caixabank e a Santoro de Isabel dos Santos) passassem a ter quase 70% do capital" e que com esta OPA “... estamos com os acionistas certos, o Caixabank (84,5%) e a Allianz (8,4%)".

CaixaBank controla 84,5% do BPI

Na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA), o CaixaBank investiu 644,5 milhões de euros e passou a deter 84,5% do BPI, em vez dos 45,5% que já detinha. Segundo a Lusa e de acordo com a bolsa de Lisboa, o CaixaBank adquiriu 39% na OPA e 15,49% fora da OPA. A angolana Santoro de Isabel dos Santos terá vendido os 18,5% que detinha, e o grupo Violas Ferreira Financial (o maior acionista português) vendeu a quase totalidade dos 2,7% que possuía. “Vamos ficar apenas com 10 mil ações do BPI para podermos ter o estatuto de acionista”, confirmou Tiago Violas ao Expresso.

Também o Banco BIC (controlado por Isabel dos Santos) terá vendido 2,28% e o mesmo terá acontecido com grande parte dos pequenos investidores. Na OPA, o CaixaBank ofereceu 1,134 euros por cada ação do BPI, o que o avalia em cerca de 1.600 milhões de euros.

Plano de reestruturação prevê corte de 900 postos de trabalho

Gonzalo Gortázar, presidente executivo do CaixaBank e conselheiro delegado no BPI, falou em nome do banco espanhol para referir que o foco será "assegurar que se mantém e reforça o crescimento do banco, como fez muito bem no passado: ter mais clientes, mais negócio". Sobre o plano de reestruturação para três anos, que prevê o corte de 900 postos de trabalho e o encerramento de agências, Gortázar diz: “Não antecipamos despedimentos coletivos e as rescisões serão feitas por mútuo acordo". Só em 2016 saíram do BPI em Portugal 392 trabalhadores, excluindo trabalho temporário.

Ulrich passa de presidente executivo a presidente não-executivo

O espanhol Paulo Forero será o futuro presidente executivo do BPI, passando Fernando Ulrich para presidente não-executivo. Artur Santos Silva, fundador do banco e atual presidente não-executivo, passará a presidente honorário. Até 26 de abril, quando se realiza a assembleia-geral do banco, haverá uma fase transição, em que Ulrich continua a assegurar a gestão do banco.

"Eu não vou ter saudades do BPI porque eu continuarei completamente comprometido com o BPI. Espero talvez com um pouco menos de ‘stress’, até porque vou fazer 65 anos no dia da assembleia-geral", declarou Ulrich, segundo a Lusa.

Lobo Xavier e Pablo Forero serão vice-presidentes do Conselho de Administração

Segundo o JN, o CaixaBank irá propor um novo Conselho de Administração para o BPI, onde Fernando Ulrich será presidente e contará com dois vice-presidentes (Pablo Forero e António Lobo Xavier) e com 15 vogais (Alexandre Lucena e Vale, António Farinha de Morais, Carla Bambulo, Francisco Manuel Barbeira, Gonzalo Gortázar, Ignacio Alvarez Rendueles, João Oliveira Costa, José Pena do Amaral, Javier Pano, Juan Antonio Alcaraz, Juan Ramon Fuertes, Lluis Vendrell, Pedro Barreto, Tomás Jervell e Vicente Tardio), para além de outros membros "a completar em proposta definitiva a apresentar à Assembleia-Geral de Acionistas”.

BPI deixa de estar no PSI-20

A intenção do CaixaBank era que o BPI “continue a cotar em bolsa”, segundo tinha referido Gonzalo Gortázar na conferência de imprensa, no entanto, posteriormente a Euronext anunciou que na sequência dos resultados da OPA “e face à informação disponível à data, foi decidida a exclusão das acções do Banco BPI do índice PSI 20, com data efetiva a 10 de fevereiro”.

Gonzalo Gortázar anunciou também que o CaixaBank, que tem um rating mais favorável, está preparado para subscrever a emissão de dívida subordinada que "o BPI necessita para cumprir os rácios exigidos" pelo BCE, que deverá ultrapassar os 225 milhões de euros.

Artur Santos Silva anunciou na conferência de imprensa que "o Caixabank quer que o BPI tenha o centro de decisão em Lisboa".

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