Bloco responde à crise do têxtil no vale do Ave

26 de March 2019 - 23:08

Para o deputado Pedro Soares a situação das pequenas fábricas têxteis do Vale do Ave é dramática. As encomendas das multinacionais fogem para países onde a mão de obra fica mais barata. Por isso, é preciso tanto um plano de emergência quanto repensar a estratégia de desenvolvimento da região.

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Foto de Ehsan Namavar/freeimages.com

A crise ameaça o setor têxtil no Vale do Ave e do Cávado e as multinacionais fogem da região para contratar no Norte de África. O diagnóstico do Bloco é assim o de uma “situação dramática” que se vive na região.

Em alguns dos concelhos da região a dependência desta indústria é significativa, representando o setor têxtil mais de 50% do conjunto das empresas. Estas têm uma pequena dimensão e são subcontratadas. Veem agora as encomendas fugir para países onde a mão de obra é mais barata. Sem alternativas, há fábricas nos concelhos de Fafe, Guimarães, Vizela e Povoa de Lanhoso a encerrar o que causou já “centenas de despedimentos”. O Bloco acredita também que a situação está a alastrar-se para o Vale do Cávado, onde as malhas de Barcelos e de Vila Verde também vivem dias sombrios.

O partido indica um gigante do setor como um dos grandes responsáveis pela situação. O grupo Inditex (detentor de marcas como Zara, Pull&Bear, Bershka, Massimo Dutti, Stradivarius, entre outras) continuou a aumentar lucros em 2018 mas não foi suficiente. Em busca de mais, adotou como estratégia a deslocação de encomendas para Marrocos, Tunísia e Turquia. Por isso, avança o Bloco de Braga em comunicado, “corre-se o risco de apenas haver encomendas nos períodos em que a capacidade de produção em Marrocos for excedida” o que “terá consequências graves para milhares de trabalhadores e respetivas famílias que nunca deixaram de ser confrontados com a precariedade e os baixos salários”.

A situação é, esclarece-se, sinal de um falhanço político dos “vários governos” que “abandonaram uma política de reestruturação do modelo industrial da região”. Culpa-se também a atribuição de apoios públicos sem contrapartidas: programas no âmbito dos fundos comunitários como o Portugal 2020 “não impõem exigências aos grupos multinacionais”, o que significa que “ficam com os fundos públicos sem qualquer compromisso relativamente à manutenção de encomendas, de postos de trabalho e de modernização do setor em Portugal”.

Para contrariar esta situação, Pedro Soares, deputado do Bloco, garante que é necessário um “programa de emergência” para o Vale do Ave e do Cávado. E exemplifica com propostas como “canalizar apoios para formação profissional” que aconteceria “nos períodos de menor volume de trabalho”, estabelecer “planos alargados de regularização de dívidas” ou “linhas de crédito específicas para as empresas que tiveram períodos de paragem, que estão descapitalizadas, e com dificuldade em aceitar novas encomendas, porque não têm financiamento para adquirir as matérias primas”.

E, para além de aumentar “apoios sociais” é preciso definir “uma estratégia para o desenvolvimento da região” que envolva autarcas, representantes dos trabalhadores e das pequenas empresas e “um plano de valorização e modernização ao nível da qualificação da mão-de-obra e da organização da produção, que permita uma alteração do perfil e que esta situação de recorrente de crises deixem de existir na região”.