You are here

Bloco questiona governo sobre abusos na Misericórdia da Póvoa de Varzim

A pergunta dirigida à ministra do Trabalho diz que há relatos “alarmantes” de abusos laborais na instituição e exige intervenção urgente do Governo e da Autoridade para as Condições do Trabalho”. No final do mês passado, estas razões levaram os trabalhadores a protestar.
Trabalhadoras da Santa Casa da Póvoa de Varzim em protesto frente à instituição. Foto da CGTP.
Trabalhadoras da Santa Casa da Póvoa de Varzim em protesto frente à instituição. Foto da CGTP.

O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda divulgou esta quinta-feira uma pergunta que endereçou ao governo sobre abusos laborais, falta de condições de trabalho e de segurança que afetam os trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Varzim.

A missiva do partido indica a existência de relatos “alarmantes”, “abusos laborais repetidos”, “faltas de condições de trabalho e de segurança para trabalhadores” e “utentes que passam por não lhes ser fornecido serviço de refeitório em condições mínimas e o salário mínimo como regra ao longo de toda uma vida de trabalho” e ainda falta de valorização das carreiras e categorias profissionais.

O deputado José Soeiro, que assina a pergunta, considera a situação “inaceitável” e exige uma “intervenção urgente do Governo e da Autoridade para as Condições do Trabalho”. Quer também saber se o governo tem conhecimento da situação, quer verbas públicas são transferidas para a instituição e se a Autoridade para as Condições do Trabalho já realizou alguma inspeção às instalações.

O provedor da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa, Virgílio Ferreira, desmente. Em declarações à Lusa, diz tratar-se de “acusações falsas” e “atentatórias do bom nome da instituição” mas que por não serem acusações objetivas e “não merecem melhor comentário”. Acrescenta ainda que todos os anos os trabalhadores recebem “acima do salário mínimo” e que “só não o fizemos este ano, porque o resultado de exploração devido à pandemia, foi muito negativo, e a Misericórdia tem por princípio honrar os seus compromissos”. Garante igualmente cumprir as lei de trabalho.

Os trabalhadores da instituição terão uma visão diferente. No final do mês passado protestaram à porta da instituição e fizeram um dia de greve exigindo “melhores salários e pagamento das extraordinárias horas em atraso”, “pagamento do trabalho extraordinário prestado durante a pandemia, pagamento em dobre do trabalho em dia feriado”. Exigiam ainda o “fim da pressão e repressão dos trabalhadores”.

O CESP, Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, considerou que a greve contou com uma “adesão muito elevada”, tendo ficado “apenas assegurados os serviços mínimos nas várias valências”. O sindicato confirma que a Santa Casa da Póvoa “continua a pagar o Salário Mínimo Nacional, ou nalguns casos pouco acima deste valor”, que impôs durante a pandemia “horários em espelho de 12H e 10h por dia seis dias consecutivos e até ao momento não pagaram aos seus trabalhadores essas horas extraordinárias”, que pressionou trabalhadoras com incapacidades, nomeadamente doenças profissionais, que usou abusivamente estagiários “para preencher serviços que em alguns dias se tem tornado mínimos”, que pressiona e persegue “as trabalhadoras que resistem e lutam por melhores condições de vida e de trabalho, levando os trabalhadores a recorrer a baixas médicas por não aguentar tal pressão, acabando por vezes os trabalhadores a rescindirem contrato de trabalho como aconteceu recentemente com três ajudantes de lar”.

Termos relacionados Sociedade
(...)