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Bloco não aceita debater Programa de Estabilidade com ajudas escondidas à banca

Numa sessão pública sobre a experiência espanhola de criação de um “banco mau”, Catarina Martins afirmou que o debate sobre o Programa de Estabilidade não pode deixar de fora a discussão sobre o sistema financeiro. Uma solução para o crédito malparado não pode ser desculpa para mais austeridade, avisa.
Foto Paulete Matos.

"Não aceitaríamos um debate do Programa de Estabilidade que tivesse escondido uma parte de ajudas à banca que pudesse vir a ser desculpa para medidas de restrição orçamental ou austeridade", afirmou Catarina Martins no final do debate sobre a experiência espanhola de criação de um veículo financeiro para absorver o crédito malparado da banca espanhola resgatada pela troika e paga pelos contribuintes.

Este é um assunto que "vai ser com certeza marcar os próximos tempos", prosseguiu a porta-voz do Bloco, acreditando que “não será um acaso” ter surgido por iniciativa do primeiro-ministro e do governador do Banco de Portugal “numa altura em que é discutido o Programa de Estabilidade”.

"Vezes demais a história dos bancos maus em Portugal tem sido uma história de chantagem das instituições europeias, do sistema financeiro. Há decisões pouco escrutinadas, nada transparentes, em que não percebemos depois como ficámos com uma fatura tão alta", acrescentou Catarina Martins. Em entrevista à SIC-Notícias na quinta-feira, a porta-voz bloquista já tinha defendido que “a ser criado um veículo para resolver o problema, tem de ser feito sem pesar no erário público, com uma avaliação criteriosa dos ativos que passam para esse veículo ou para esse banco, e imputando perdas a quem criou os buracos”, reforçou.

Ricardo Cabral: Um "bom banco mau" deve ser público, solução do BCE e Bruxelas traz instabilidade

O economista Ricardo Cabral também participou neste colóquio e trouxe os exemplos de experiências semelhantes na Irlanda, Espanha e o modelo anunciado em Itália. Em contrapartida, para responder ao excesso de crédito malparado no sistema bancário propôs uma solução que passe por “um bom banco mau”: com licença bancária e permanente, sem pressão para vender ativos ao desbarato.

Este banco seria público, pois a “socialização das perdas não pode ser sinónimo de ganhos anormalmente elevados para privados”. Mas esta proposta não corresponde aos planos que Bruxelas e Frankfurt, cuja solução Ricardo Cabral considera um “fator de instabilidade” que não defende o interesse público mas “provavelmente resulta em ganhos elevados para alguns grupos de interesse”.

O debate contou ainda com a intervenção de Daniel Estrada, Diretor de Estudos da Fundação das Comisiones Obreras, acerca da pesada fatura paga pelos contribuintes espanhóis com o resgate da troika aos bancos privados.


Veja aqui um vídeo com declarações dos participantes no colóquio "Outro banco mau? A experiência de resgate da banca espanhola":

“Outro banco mau?” | Colóquio promovido pelo Bloco de Esquerda

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