A intenção do governo de não renovar o contrato de Parceria Público-Privada com o grupo Lusíadas Saúde à frente do hospital de Cascais já era conhecida. Face às duas opções possíveis – regresso à esfera pública ou abertura de novo concurso – o governo optou pela última, revela a edição desta terça-feira do jornal Público.
Nas últimas semanas, as pressões para evitar o fim do modelo das PPP neste hospital vieram do Palácio de Belém. Em meados de dezembro, o semanário Expresso dava conta que Marcelo Rebelo de Sousa recebera garantias do primeiro-ministro de que a participação dos privados na gestão do hospital estaria assegurada após o fim da atual PPP.
Catarina: "Muitos socialistas ficarão altamente desiludidos" se governo prosseguir PPP na Saúde
Em declarações aos jornalistas no final de uma visita ao Estabelecimento Prisional de Lisboa, Catarina Martins reafirmou esta terça-feira a oposição do Bloco às intenções do governo. “Acho que ninguém no país percebe que se façam novas PPP. Atrevo-me mesmo a dizer que muitos socialistas ficarão altamente desiludidos se este Governo, ao invés de ter gestão pública do que é público, prosseguir no caminho das PPP, que todo o país sabe que tem sido desastroso", afirmou a coordenadora do Bloco.
"As PPP são o contrário do que precisamos porque significa que, em vez de estarmos a investir, estamos a pagar com dinheiro público uma parte do lucro do privado para ele gerir o que é público. Não é investir, é desperdiçar na saúde", concluiu Catarina Martins, citada pela agência Lusa.
Um estudo encomendado pelo governo à Entidade Reguladora da Saúde em 2016 concluiu que “não há diferenças relevantes que permitam dizer que o modelo PPP é superior ao da gestão pública de hospitais do SNS”. De acordo com os números do Orçamento do Estado, este ano os contribuintes vão gastar 448 milhões nas quatro PPP da Saúde, relativas aos hospitais de Cascais, Braga, Loures e Vila Franca de Xira.