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Bloco condena “cambalhota triste” do PS sobre cortes nas rendas excessivas

Depois de ter aprovado a contribuição sobre as energias renováveis na sexta-feira, o PS mudou de posição e chumbou a mesma proposta na votação final. “Faltaram nervos de aço ao governo para enfrentar a pressão do lóbi da energia”, afirmou Jorge Costa.
O governo recuou na proposta de cortar as rendas excessivas às empresas de energias renováveis. Foto Inácio Rosa/Lusa

O último dia de votações na especialidade para o Orçamento do Estado para 2018 veio confirmar o recuo no PS na aprovação da proposta de criação de uma contribuição aplicável aos lucros excessivos das empresas de energias renováveis.

Depois de negociar com o Bloco a proposta e de a ter votado na sexta-feira, o PS mudou de posição no fim de semana e acabou por chumbar a mesma proposta esta segunda-feira.

“Voltar atrás com a palavra dada ou faltar às pessoas para ceder aos lóbis é o pior que a política pode dar às pessoas”, afirmou o deputado bloquista Jorge Costa, reclamando da bancada do PS uma explicação para a mudança de posição.

“Propusemos e negociámos passo a passo com o governo uma contribuição moderada, que corrige apenas parcialmente esta distorção de mais de 400 milhões de euros na fatura dos portugueses”, acrescentou Jorge Costa, dirigindo-se à bancada socialista: “No vosso voto está a vossa representação. Quem vão representar hoje? Os portugueses que pagam a mais alta fatura elétrica da Europa ou o lóbi do privilégio das elétricas portuguesas que continuam a extorquir aos consumidores uma parte do seu rendimento sob a forma de rendas excessivas?”

Lembrando que se tratam de empresas “que produzem 12% do seu negócio em Portugal e têm neste país 27% dos seus lucros”, Jorge Costa qualificou o atual regime como “um milagre elétrico a acontecer a favor destas empresas em Portugal e quem paga são os consumidores”.

“O que o PS sabia na sexta-feira sobre a remuneração excessiva das renováveis sabe hoje. E não mudou nada desde sexta-feira. É com pena que assistimos a esta cambalhota triste que o PS dá”, concluiu o deputado, citando a expressão usada por António Costa no balanço dos dois anos de governo: “Faltaram nervos de aço ao governo para enfrentar a pressão do lóbi da energia”.

Ler também: "PS ou tem a coragem de baixar a conta da luz ou volta atrás para ceder aos lóbis”

Da bancada do PS, só ao fim de várias intervenções do deputado Luís Testa surgiu uma justificação para este recuo. Face ao silêncio do deputado, todas as bancadas cederam tempo ao PS para que finalmente desse explicações. Luís Testa disse que “é necessário prosseguir o cenário de cooperação com estas empresas” e que “é hora de insistir nas energias renováveis que nos vão libertar mais tarde ou mais cedo do défice tarifário”.

Na votação final da proposta, o PS e o CDS chumbaram-na e o PSD absteve-se. Para além do Bloco, votaram a favor as bancadas do PCP, PEV, PAN e o deputado socialista Ascenso Simões.

Jorge Costa: "Falhar às pessoas para ceder aos lobbies é o pior que a política pode dar às pessoas"

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