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Bermas das estradas nacionais pulverizadas com 51 mil litros de glifosato

A ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável alerta que “este ano terão sido (ou serão ainda) aplicados nas estradas nacionais, pelo menos, 51 mil litros de glifosato”. A aplicação de herbicidas abrange três distritos: Viseu, Coimbra e Santarém.
Foto de Vilseskogen, Flickr.

Em comunicado publicado esta quinta-feira, a Zero assinala que “após várias denúncias de cidadãos revoltados com a aplicação de herbicidas nas bermas e nos terrenos adjacentes às estradas sob jurisdição da Infraestruturas de Portugal – empresa pública que tem a seu cargo a gestão dos 15.253 quilómetros de rede rodoviária existentes em Portugal Continental”, solicitou “esclarecimentos à empresa sobre as orientações que a mesma transmite aos concessionários para o controle periódico das espécies herbáceas e arbustivas”.

Conforme avança a Organização Não Governamental, “dos contactos estabelecidos resultou a informação que em 2017 a aplicação de herbicidas será efetuada em três distritos – Viseu, Coimbra e Santarém – numa área total de cerca de 102 hectares, o que poderá significar mais de 400 quilómetros de estradas intervencionados”.

Tendo em conta “as recomendações dos fabricantes de agroquímicos que preconizam a aplicação de um mínimo de 500 litros por hectare de herbicida para eliminar eficazmente plantas herbáceas”, a Zero “estima que este ano terão sido (ou serão ainda) aplicados nas estradas nacionais, pelo menos, 51 mil litros de glifosato – uma substância que é apontada como sendo um desregulador hormonal, que pode causar danos no fígado e nos rins e que é provavelmente cancerígena”.

A Associação lembra ainda que, “ao contrário do que normalmente se veicula, a utilização de meios químicos é um método que, a prazo, fica mais caro, pois seleciona as plantas mais resistentes ao herbicida, com impactes significativos na biodiversidade, obrigando assim a um aumento progressivo das doses para fazer face à diminuição da eficácia do produto”.

“Por outro lado”, acrescenta a Zero, “a aplicação de herbicidas nas bermas e nos terrenos adjacentes às estradas mantém no solo grandes quantidades de combustíveis finos mortos, criando condições que podem facilitar a ignição intencional ou negligente de fogos e contribuir para a sua velocidade de propagação”.

Tendo em conta que a Infraestruturas de Portugal “irá, até ao final do ano, proceder à revisão dos 18 contratos distritais de conservação corrente que possui com empresas prestadoras de serviços, onde se incluem trabalhos de limpeza de bermas e dos terrenos adjacentes à estrada”, a ZERO apela à empresa e à respetiva tutela – o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas – “para que os procedimentos previstos em sede de caderno de encargos contenham fortes limitações à utilização de herbicidas, impondo como regra que o controlo da vegetação seja efetuado com recurso a meios mecânicos”.

“Todavia, nada impede que a empresa acione desde já eventuais mecanismos contratuais que possam impedir a concretização de todas as ações de monda química que os concessionários queiram realizar até ao final do ano e assim evitar que sejam disseminados nos ecossistemas mais alguns milhares de litros de glifosato”, remata a Associação.

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