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"Berardo esteve literalmente a rir-se das pessoas", diz Marisa Matias

A propósito da audição de Joe Berardo no parlamento, Marisa Matias diz que assistir “a espetáculos como o de ontem ao ver um banqueiro a rir-se de nós” lembra tudo aquilo que ainda está por fazer no combate à injustiça e corrupção na União Europeia.
Marisa Matias, José Gusmão e Sérgio Aires na feira de Amarante.
Foto de Paula Nunes.

Na visita da manhã deste sábado ao mercado de Amarante, Marisa Matias sublinhou aos jornalistas a importância de estar ali “para sabermos da boca das pessoas, que é isso que é importante nas campanhas, o que é que pensam que está a correr bem e o que é que podemos fazer melhor”.

A candidata do Bloco às Europeias criticou a postura de Joe Berardo, esta sexta-feira, durante a sua audição na comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos, “literalmente a rir-se das pessoas”. Para Marisa este é um caso que deixa mais evidente a dimensão de injustiça na União Europeia, cujas necessidades mais básicas continuam sem resposta. “Nós tivemos nos últimos anos, e sobretudo desde a crise financeira em 2008, mais de 30% do PIB a ser injetado em operações de recapitalização da banca ou de limpeza de ativos tóxicos, as pessoas têm perceção disso, isto não é apenas uma questão de regulação mas também uma questão de justiça. A regulação tem de ajudar à justiça. Nós ainda não vimos nenhum banqueiro ser condenado em nenhum destes processos, pese embora já tivesse havido várias comissões de inquérito e já se tenham identificado várias práticas de corrupção mas depois os processos não avançam”, lamentou.

Regulação para extinguir os offshores – "que é o que permite que toda a gente possa fazer do seu dinheiro o que bem entender, não pagar os impostos onde deve, não estar a contribuir para as contas públicas e para a sua consolidação e estar a ser possível todo o tipo de esquemas que permitem a corrupção ” - é, segundo Marisa, algo que tem faltado e algo que pode ajudar a justiça a funcionar.

A eurodeputada lembrou igualmente as “imensas promessas em relação à União Bancária e aquilo que seria o mais fundamental não foi feito. Nós não vimos uma tentativa de reduzir os grandes bancos, pelo contrário temos bancos cada vez maiores, mais concentrados e o risco sistémico é maior. Também não vimos o aumento dos requisitos de capitais, o que significa que os banqueiros e os acionistas da banca continuam a ter de pôr muito pouco e por isso quando há crise continuam a ser os contribuintes a pagar”, ao mesmo tempo que sublinhou que essa “dimensão fundamental da União Bancária que seria o sistema de garantia de depósitos para que não fossem os contribuintes que continuassem a salvar a banca, não foi ainda posto em prática”.

Marisa Matias comentou ainda o estudo publicado no Jornal Público deste sábado, que mede a influência dos deputados ao Parlamento Europeu – e que coloca Marisa no 7º lugar -, para explicar que apesar de este ser dos estudos mais sérios que temos visto em relação ao trabalho de eurodeputados, este “mede a influência e não o trabalho e portanto não podemos estar a falar do trabalho mas da influência de cada eurodeputado. Inevitavelmente é sempre uma influência que sofre uma distorção porque os socialistas e a direita acabam por distribuir as nomeações quase todas entre si e isso acabar por influenciar o resultado final mas ainda assim creio que é dos trabalhos mais sérios que foram feitos em matéria do trabalho dos deputados no parlamento europeu”.

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