Balagri apresenta medidas para combater persistência dos incêndios

19 de August 2016 - 10:48

A Associação dos Baldios e Agricultores da Região de Viseu (Balagri) fez esta quinta-feira um apelo à "intervenção imediata” do governo para “adotar medidas de excepção de apoio os pequenos e médios produtores florestais afetados pelos incêndios ocorridos nas últimas semanas.

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A desertificação dos meios rurais é um das razões apontadas para destruição da floresta através dos incêncios

Em comunicado divulgado pela Lusa, aquela associação sublinha que este verão, "só no concelho de Viseu, contam-se já mais de um milhar de hectares de área ardida, particularmente nas freguesias de Torredeita e dos Coutos".

"No concelho de S. Pedro do Sul, a catástrofe atingiu não só a floresta, mas também gado, aviários, casas de habitação e de lavoura, redes de água, de eletricidade e comunicações", acrescenta a nota.

Para a Balagri, um dos fatores que têm levado à ocorrência de incêndios resulta do "abandono forçado das populações dos meios rurais, cujo êxodo conduziu a elevados níveis de despovoamento, devido não só à falta de apoios aos pequenos e médios produtores agrícolas e florestais, como também ao encerramento de serviços públicos básicos".

Falta de ordenamento e recurso à monocultura

A associação lamenta ainda a "falta de ordenamento florestal com excessivo e crescente recurso à monocultura seja de pinheiro, seja de eucalipto, com clara predominância deste último", e também a "falta de limpeza das matas privadas, públicas e comunitárias", verificando-se neste caso o "incumprimento por parte do Estado nas responsabilidades que lhe cabem, quer nas florestas públicas, quer na gestão participada nos baldios".

A vaga de incêndios prende-se ainda na opinião da associação com a "não inclusão estruturada das populações rurais na ajuda ao combate dos incêndios", o "reduzido número de equipas de sapadores florestais" e a "inexistência de um efetivo planeamento em matéria das redes primárias e secundárias (estradas e faixas de gestão de combustíveis)".

Fosso financeiro entre prevenção e combate

Por outro lado faz ainda referência ao "aumento significativo do fosso financeiro entre a prevenção e o combate", ou seja, "menos dinheiro para a prevenção, mais dinheiro para as empresas de combate aéreo".

Perante esta situação, os agricultores daquela região exortam o executivo a promover políticas de apoio à fixação das populações nos meios rurais e apontam como medida essencial para atingir este objetivo a concessão de apoios “à pequena e média agricultura, garantindo escoamento dos produtos agrícolas e florestais a preços justos, nomeadamente do material lenhoso queimado".

Entre as medidas que devem ser adotadas, a Balagri refere igualmente abertura ou reabertura de serviços públicos bem como a "revisão da lei que liberaliza a plantação de eucaliptos com a criação de incentivos compensatórios aos produtores florestais que optem pela plantação de espécies autóctones, de forma a combater a monocultura".

A associação considera ainda que é essencial aumentar o financiamento para criar novas equipas de sapadores florestais e definir um melhor planeamento de redes primárias e secundárias.