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“Atividades que têm de fechar devem ter apoios que lhes permitam sobreviver"
Marisa Matias continuou esta terça-feira a fazer aquilo a que se propôs nesta campanha: dar voz às pessoas. Desta vez esteve em Setúbal, ao lado de Luís Rebelo, proprietário de um restaurante, para falar, mas sobretudo ouvir as queixas sobre o impacto que a crise pandémica está a ter no setor na restauração.
Luís Rebelo contou que “há gente que está na miséria quase total porque o ano inteiro quase não se trabalhou”. Diz que houve falta de programação e de organização e que se podia ter planeado o que aí vinha mas “tivemos dez meses em que não fizemos rigorosamente nada”, numa situação de total “conivência geral”.
Para o proprietário do restaurante setubalense, a “restauração é uma alavanca do turismo do país” e “quem ajudou a alavancar a economia está a ser ostracizado”. Teceu ainda duras críticas a plataformas de entregas ao domicilio como a Glovo ou a Uber Eats - que cobram aos restaurantes 40% e 30% respetivamente - e depois pagam miseravelmente aos estafetas que fazem as entregas, algo que Marisa Matias acrescentou ser um “prolongamento da precariedade”, área onde o Estado tem de intervir particularmente neste momento tão difícil.
Para Marisa Matias, esses estafetas - que fazem o seu trabalho “numa total flexibilidade e total precariedade”, com rendimentos muito baixos - são mais um dos elementos de uma cadeia que é longa. Explicou que o restaurante do senhor Luís é especializado em peixe fresco e que as medidas aplicadas ao setor da restauração se estendem por muitas pessoas, começando neste caso logo por quem pesca e afetando todo o setor de distribuição.
“A restauração investiu muito, adaptou-se e permitiu que parte do crescimento da nossa economia e do país se pudesse concretizar porque uma economia com as características da nossa depende muito deste tipo de serviço”, afirmou Marisa, lamentando que o reconhecimento e os apoios não estejam a ser devidamente atribuídos e que haja “tanta gente que está numa situação tão difícil ao ponto de ter de considerar fechar a sua atividade”.
“Não podemos deixar todo este setor de atividade e tantos outros irem completamente abaixo, aumentarmos de uma forma tão trágica os números do desemprego e depois procurarem correr atrás disso”, acrescentou.
A candidata presidencial destacou que este “é o momento para segurar o emprego” e que o Estado tem de intervir e “garantir que as microempresas, as empresas unipessoais têm apoios que até ao momento não estão a ter”. Disse defender um modelo de apoio direto - como sempre defendeu - “sem mediações, sem atrasos, sem limitações”.
Já sobre as mais recentes medidas anunciadas pelo Governo, diz crer que “voltámos a assistir ao mesmo erro desde o inicio” e que o que o país esperava neste anúncio era “uma comunicação que desse sinal para a requisição do setor privado e social da saúde, para ajudar o Serviço Nacional Saúde a responder a esta pandemia” e “que junto com as medidas e com as restrições viessem apoios”, mas não foi isso que tivemos, mais uma vez.
Marisa reforçou que atravessamos um momento muito difícil e ao qual ninguém pode ser indiferente, com o Serviço Nacional de Saúde a ser alvo de uma enorme pressão, e que devemos seguir as recomendações das autoridades de saúde e especialistas para tentar travar este crescimento de casos. No entanto, “as atividades que têm de fechar devem ser acompanhadas dos apoios que lhes permitam sobreviver” e as atividades que precisam de se manter abertas têm que ser acompanhadas de medidas muito mais rigorosas a nível de rastreio, de testagem e de garantia de que são feitas com total segurança e com total proteção sanitária”, concluiu.
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