You are here

ATERRA quer prioridade para comboios noturnos internacionais

Na véspera do encerramento da consulta pública do Plano Ferroviário Nacional, a campanha ATERRA defende que “os comboios noturnos devem ser imediatamente repostos e ser aposta para o futuro das viagens internacionais, no lugar de qualquer expansão aeroportuária”.
Foto Flickr - nmorao - Sud Expresso, Bobadela, 2010.02.27.

Em comunicado, os ambientalistas pela redução do tráfego aéreo e por uma mobilidade justa e ecológica lembram que os históricos Sud Expresso (Lisboa - Hendaye - Lisboa) e Lusitânia (Lisboa - Madrid - Lisboa) foram suspensos há três anos, a pretexto da pandemia da covid-19, em março de 2020. E que Lisboa “é atualmente uma das únicas duas capitais europeias sem qualquer ligação ferroviária internacional”.

A campanha ATERRA assinala que os comboios noturnos estão a conhecer um ressurgimento Europa fora, e defende que os mesmos são “a opção mais cómoda e ecológica para viagens de média e longa distância, são a melhor alternativa ao avião e aos aeroportos, e são o futuro das viagens internacionais”.

“Num momento em que se está a construir uma rede europeia de serviços noturnos, com a cooperação entre vários operadores ferroviários e novas ligações como Paris-Hendaye, Berlim-Paris ou Zurique-Barcelona, um Plano Ferroviário Nacional digno desse nome deve procurar fazer parte ativa dessa rede, em vez de manter Portugal isolado”, lê-se na missiva.

Acresce que “o avião é um meio de transporte usado, a nível mundial, por uma pequena elite, é aquele que mais polui, e cujo impacto climático mais está a crescer”, acrescenta. A ATERRA deixa exemplos concretos: “a viagem Madrid - Barcelona (distância semelhante a Lisboa - Madrid) de comboio emite 15 vezes menos CO2 do que em avião (ecopassenger.org)”. Se forem tidas em conta “as restantes emissões nocivas da aviação, o impacto climático do comboio é cerca de 30 vezes inferior”.

Neste contexto, os ativistas defendem que “precisamos de uma redução da aviação, e não de expansões aeroportuárias como a que se pretende impor em Lisboa”.

No que respeita a propostas concretas, a ATERRA considera que o PFN deve prever a retoma imediata dos serviços Sud Expresso e Lusitania, e que a retoma das ligações a partir de Lisboa deve incluir a retoma das ligações noturnas Porto - Madrid e Porto – Hendaye.

A médio-curto prazo, a campanha propõe estender os serviços noturnos a partir do Porto e de Lisboa até Barcelona, à medida que se coloca um fim às ligações aéreas dentro da Península Ibérica.

Já “a implementação de uma ligação noturna entre Braga e Faro representará um contributo para o fim imediato dos voos domésticos em Portugal Continental, que são um atentado ambiental inaceitável já hoje - não apenas em 2050, o horizonte temporal do PFN”, escreve a ATERRA.

No documento é ainda referido que a “concretização da linha prevista desde o Algarve até Sevilha e Valência deve dar origem a uma ligação noturna internacional de Faro a Barcelona”. Bem como que “quaisquer investimentos previstos em linhas de Alta Velocidade devem incluir serviços noturnos que liguem Portugal diretamente a países como Inglaterra, Países Baixos, Itália, Bélgica, Suíça, Luxemburgo e Alemanha”.

A ATERRA aponta que esta aposta nos comboios pode ser feita em exclusivo pela CP, em cooperação com a Renfe e outras operadoras, ou por novas cooperativas ferroviárias. A campanha escreve que “deve ser definido o investimento público nestes projetos, desviando os atuais apoios abundantes ao setor da aviação, incompatíveis com qualquer política climática, a começar pelas isenções de IVA e de ISP ao combustível de aeronaves”.

O investimento nos serviços a bordo dos comboios e a nível das estações, como serviços de refeições, wifi, transporte de bicicletas, transporte de animais de companhia, duches nas estações, atividades culturais a bordo e nas estações e a articulação com serviços públicos de autocarros, automóveis coletivos e aluguer de bicicletas são apontados como prioritários.

Para além da participação na consulta pública do Plano Ferroviário Nacional, a campanha ATERRA apela a todas as pessoas a assinarem a petição internacional para voltar a ligar Portugal à Europa Central por comboios noturnos. Os ambientalistas pela redução do tráfego aéreo e por uma mobilidade justa e ecológica desafiam ainda o governo a dar resposta às mais de 8500 pessoas que já apelaram publicamente à reposição deste serviço.

No seu comunicado, exortam todas as pessoas a juntar-se na próxima sexta feira, 3 de março, dia de Greve Climática Estudantil, para mais uma (Mani)Festa do Pijama / Silent Disco pelo regresso dos comboios noturnos internacionais. A iniciativa terá lugar às 21h25 no Cais 3 da Estação de Santa Apolónia, hora e local de onde partiam o Sud Expresso e o Lusitânia.

Termos relacionados Ferrovia, Ambiente
(...)