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Ataque à embaixada dos EUA no Iraque aumenta tensão com Irão

Manifestantes que protestavam contra um ataque aéreo norte-americano que vitimou 25 pessoas atacaram a embaixada dos EUA no Iraque. Mike Pompeo fala em terrorismo apoiado pelo Irão e o Pentágono anuncia o envio de mais 750 soldados.
Manifestantes ostentam a placa de entrada da Embaixada dos EUA no Iraque. Janeiro de 2020.
Manifestantes ostentam a placa de entrada da Embaixada dos EUA no Iraque. Janeiro de 2020. Foto de LUSA/EPA/AHMED JALIL

Esta terça-feira, manifestantes iraquianos chegaram onde as manifestações anteriores não tinham conseguido entrar. A Embaixada norte-americana no Iraque situa-se na chamada zona verde de Bagdade, altamente protegida em termos militares e onde também se situam os edifícios do governo. Até agora, na vaga de manifestações que o país atravessa, entrar nesta área tinha sido um objetivo impossível de alcançar.

Desta vez foi diferente. E os manifestantes também eram outros. Os protestos desta semana surgiram na sequência de um ataque aéreo dos EUA, no domingo, que causou 25 mortos e 51 feridos, membros das milícias Hachd al-Chaabi, pró-iranianas. As forças militares norte-americanas decidiram bombardear estes grupos depois de um ataque não reivindicado a uma base militar ter vitimado um cidadão americano sub-contratado para aí trabalhar em funções não especificadas. E foram apoiantes destes grupos que, depois das cerimónias fúnebres dos combatentes, conseguiram franquear as defesas da zona verde, sem que estas respondessem, e alcançar a embaixada.

As instalações estiveram cercadas, houve zonas invadidas, como a receção que foi destruída, o pessoal diplomático chegou a ser evacuado, foram queimadas bandeiras, lançadas pedras, partidas janelas e derrubadas câmaras de vigilância.

Depois, muitos acamparam junto à embaixada. As forças norte-americanas lançaram gás lacrimogéneo para tentar dispersar os manifestantes mas o protesto só acabou quando estes decidiram abandonar o local. Segundo algumas agências internacionais, o governo iraquiano e líderes da Hachd al-Chaabi tinham já apelado aos seus apoiantes para darem por terminada a sua ação mas as fações mais radicais não tinham correspondido.

EUA e Irão em disputa no Iraque

A reação de Washington foi o envio de mais 750 soldados para o país. Donald Trump twittou ao seu estilo escrevendo “esperamos que o Iraque use as suas forças para proteger a embaixada, e elas foram informadas!”, responsabilizando o Irão de manobrar e jurando que este “será totalmente responsabilizado” e que “vão pagar caro”.

Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA e responsável pela diplomacia do país, diz que o ataque foi “orquestrado por terroristas”.

Do outro lado, o governo de Teerão negou o envolvimento no ataque e mostrou-se mesmo surpreendido com a acusação que responsabiliza o governo do país pelas “manifestações do povo iraquiano contra os seus atos cruéis”. Abas Musaví, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irão, diz que o Irão é alvo de “uma espécie de obscenidade americana e erros de cálculo repetitivos”. E o Aiatolá Khamenei declarou que “se a República Islâmica tomar a decisão de confrontar qualquer país, vai fazer diretamente”.

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