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“Assumir emergência climática é um compromisso com o futuro”

Maria Manuel Rola frisou que o sul da Europa é a região do Continente mais exposta às alterações climáticas e que Portugal, apesar de ser um pequeno país, não é uma exceção. Bloco propõe que Parlamento declare emergência climática.
Maria Manuel Rola durante a interpelação do Bloco ao Governo sobre "Emergência Climática"

Sublinhando que, “desde os anos 70 que os alertas para as alterações climáticas estão aí”, a deputada bloquista referiu que “a crise do petróleo é o maior foco de conflitos do mundo”, que “tem levado à devastação de povos e produzido populações em fuga pela sobrevivência”.

“A União Europeia e maior parte dos Governos do mundo - e o nosso não é infelizmente exceção - têm sido no mínimo coniventes com estas guerras”, lamentou Maria Manuel Rola, acusando os “governos poderosos”, como o de Donald Trump, de ajoelharem-se perante os interesses de empresas como a Exxon.

“Os milhões de lucros da economia do petróleo, feitos à custa da destruição e do sangue, têm sido mais fortes que os direitos humanos e o Planeta”, acrescentou.

Os mais de 24 milhões refugiados climáticos, mais dos que os que fogem da guerra, e o aumento atual da temperatura superior a 1ºC, relativamente ao período pré-industrial, também retratam a atual situação de emergência.

A nível mundial, a deputada bloquista deu o exemplo do Katrina, nos EUA e dos ciclones e cheias na Beira em Moçambique ou da Indonésia que se prepara para mudar a sua capital de sítio por causa da subida do nível médio do mar. Ou ainda das ilhas Fiji, onde ainda ontem o Secretário-Geral da ONU voltou a reafirmar que esta ameaça põe em causa a segurança alimentar e os sistemas de saúde.

Portugal não é exceção

Maria Manuel Rola falou também da nossa realidade, aqui mesmo em Portugal. Sobre a seca severa, ondas de calor extremo, sem precipitação, tempestades e cheias ou os incêndios que devastam o nosso território.

Falou ainda da área Metropolitana de Lisboa, que entrou oficialmente há precisamente uma semana na rota dos furacões; da agricultura intensiva e superintensiva no Alqueva; dos furos para prospeção de petróleo e gás na Batalha e em Pombal; dos interesses extrativos de grandes multinacionais que pairam sobre o nosso país com a intenção de se apropriarem do lítio sem quaisquer regras; as intervenções como as que estão em curso no SADO ou no Porto de Leixões; a produção e exportação de milhares de porcos para a China; o processo de negociação com Trump, por parte do Ministro Santos Silva, para o aumento da importação de Gás de Fracking.

“Se em Portugal já centenas morreram à custa destes eventos, a nível mundial falamos em milhões  de pessoas vulneráveis”, destacou a dirigente do Bloco, afirmando que, “no entanto, a irresponsabilidade nunca foi tão grande”.

Sem transição energética não há futuro

“A situação é grave. Estamos rodeados de líderes irresponsáveis e alucinados, justamente quando vivemos uma situação de emergência”, sinalizou Maria Manuel Rola, avançando que “Donald Trump, o exemplo máximo do desprezo pela Humanidade e pelo futuro, nega as alterações climáticas e dá gás aos combustíveis fósseis” e, no Brasil, “Bolsonaro cumpre as ordens da bancada do agronegócio para desmatar a floresta amazónica, rebentando com o pulmão do Planeta”.

“O tempo não é de fechar os olhos a tudo isto só porque no imediato nos dá dinheiro. Os modelos do passado não servem a transição energética. E sem transição energética não há futuro. Para ninguém”, vincou.

De acordo com a deputada, “enquanto os jovens fazem greve climática e se rebelam contra esta marcha tranquila rumo à catástrofe, os governos de todo o mundo terão entregue em 2017 o equivalente a 6,5% do PIB mundial em dinheiros públicos às petrolíferas e ao carvão. Só a UE terá entregue 289 mil milhões”.

“Por muito que digam que não há dinheiro, as escolhas são simples: o dinheiro de todos nós está a ser utilizado para promover o colapso climático”, avançou.

Assumir emergência climática é um “compromisso com a possibilidade de o Planeta e a Humanidade terem um futuro”

Maria Manuela Rola salientou que “é também por isto que é preciso declarar a emergência climática”, propondo ao Parlamento que reconheça agora a gravidade da situação para poder agir em consonância.

A dirigente bloquista lembrou que o Bloco luta “por cada uma das medidas concretas urgentes”, dando o exemplo do investimento que falta para recuperarmos os 30% de ferrovia que foram destruídos desde a Governação de Cavaco Silva; da necessidade de avançar no sentido de tornar os transportes públicos gratuitos; de assumir como limite temporal para a neutralidade carbónica o ano de 2030; de decidir que as centrais de Sines e do Pego não se poderão manter para além da próxima legislatura, incorporando desde já essa opção na REN; da ausência de um Plano Nacional Integrado de Energia e Clima que aposte na eficiência e suficiência energética e enquadre devidamente sistemas de produção elétrica em comunidades e de forma descentralizada; e do combate a sério à pobreza e injustiça energética, nomeadamente nas habitações.

Maria Manuel Rola valorizou ainda todas lutas já travadas, como as aproximações que levarão a que este Governo baixe as emissões em 2019, a manutenção dos transportes coletivos das áreas metropolitanas na esfera pública, a redução dos passes, e a mobilização social que conseguiu parar todos os furos de petróleo até agora.

A dirigente do Bloco defendeu que assumir que vivemos um tempo de emergência climática “não é um voto a favor do Bloco”, é um “compromisso com a possibilidade de o Planeta e a Humanidade terem um futuro”.

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