“Como organização de jornalistas, a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood apoia a sua defesa da liberdade de expressão e rejeita qualquer ação de censura. Agradecemos o seu inquebrável apoio às artes”, lê-se no email enviado pela organização a Meryl Streep.
A missiva é assinada por Lorenzo Soria, presidente da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, que integra 90 jornalistas de várias partes do mundo.
A associação felicita ainda Meryl Streep por ter sido galardoada, no domingo, na Gala dos Globos de Ouro, com o prémio honorário de carreira Cecil B. DeMille.
“Defendemos orgulhosamente a nossa escolha e aplaudimos os seus 40 anos de trabalho cativante. É uma mulher com verdadeira classe, dentro e fora das suas personagens”, assinala a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood.
Durante o seu discurso, Meryl Streep teceu criticas ao atual presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump.
“Vocês e todos nós nesta sala pertencemos verdadeiramente aos segmentos mais vilipendiados da sociedade norte-americana neste momento. Pensem nisso. Hollywood, estrangeiros e a imprensa”, avançou a atriz em tom de piada.
“Mas quem somos nós? E o que é Hollywood, de qualquer forma? Um monte de pessoas de outros sítios. Hollywood está cheia de forasteiros e estrangeiros. Se corrêssemos com todos, não havia nada para ver, a não ser futebol e artes marciais, que não são bem artes”, afirmou Meryl Streep.
A atriz lembrou o episódio da humilhação feita por Donald Trump a um jornalista portador de deficiência física: “Foi aquele momento em que a pessoa que estava a pedir para se sentar na cadeira mais respeitada do nosso país imitou um repórter com deficiência [Serge Kovaleski, repórter do The New York Times, que sofre de uma doença congénita] – alguém em relação a quem ele tinha mais privilégio, mais poder e mais capacidade de enfrentar. [Esta cena] partiu o meu coração, e ainda não a consegui tirar da minha cabeça, porque não foi em um filme, foi na vida real”, assinalou a artista.
Segundo Meryl Streep, quando os poderosos utilizam a sua posição para fazer “bullying” todos saem prejudicados: “O instinto de humilhar, quando é exibido por alguém numa plataforma pública, por alguém poderoso, é filtrado na vida de todo mundo, porque dá permissão para outras pessoas fazerem o mesmo. O desrespeito convida ao desrespeito, a violência incita violência”, frisou, defendendo que “é por isso que os fundadores [da democracia americana] colocaram a imprensa e suas liberdades na Constituição”.
A atriz exortou a Associação de Jornalistas Estrangeiros de Hollywood e a indústria cinematográfica a apoiarem o Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). “Vamos precisar deles para seguir adiante, e eles vão precisar de nós para proteger a verdade”, salientou, reforçando que “precisamos de uma imprensa íntegra que faça os poderosos responderem por seus atos e os repreenda a cada desmando”.
Em resposta à Meryl Streep, Trump afirmou no twitter que a atriz é uma “lacaia” de Hillary e uma das atrizes mais superestimadas de Hollywood, e que não se surpreende com a reação de “gente liberal do cinema”.