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Assassinato de Giovani: associações ciganas contra promoção do ódio e estigmatização

Várias associações ciganas lançaram um comunicado sobre o caso do jovem cabo-verdiano assassinado em Bragança. Apontam o dedo àqueles que, na política e na comunicação social, pretenderam culpar a comunidade cigana do crime.
Marcha silenciosa em homenagem a Luís Giovani, estudante cabo-verdiano assassinado em Bragança. Janeiro de 2020.
Marcha silenciosa em homenagem a Luís Giovani, estudante cabo-verdiano assassinado em Bragança. Janeiro de 2020. Foto de Pedro Sarmento Costa/Lusa.

As associações ciganas Letras Nómadas, Ribaltambição - Associação para a Igualdade de Género nas Comunidades Ciganas, APODEC, Sílaba Dinâmica, Associação Cigana de Coimbra, AMUCIP, Agarrar Exemplos e Costume Colossal, assim como vários outros ativistas ciganos, lançaram um comunicado de imprensa em que repudiam a “promoção de ódio racial e estigmatização das comunidades ciganas promovidas por órgãos de comunicação social e um determinado político”.

Os movimentos dão como exemplos da culpabilização da comunicada cigana pelo assassinato de Luís Giovani em Bragança as declarações do ex-inspetor da Polícia Judiciária, Carlos Anjos, comentador na CMTV, e publicações de um site intitulado “Notícias de Viriato”, cujo fundador, Carlos Abreu “nem carteira de jornalista tem”, sublinham.

Anjos, no programa da manhã daquele canal, “não se coibiu de dizer que “aparentemente” os agressores do Luís Giovanni eram um grupo de ciganos como esse facto fosse um fator de minimização e conforto para a sociedade do bárbaro crime cometido”.

Os signatários lembram o código deontológico dos jornalistas que diz que se “deve rejeitar o tratamento discriminatório das pessoas em função da ascendência, cor, etnia, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social, idade, sexo, género ou orientação sexual”. Concluem que, neste caso, tal “não foi respeitado pelos referidos órgãos de comunicação social” o que contribuiu para que redes sociais e opinião se tivessem “incendiado”. Sendo que os “presumíveis agressores detidos não são ciganos”, sublinham.

Para além de ser comentador, Anjos é presidente da Comissão de Proteção às Vítimas de Crimes cargo que acarreta, pensam “responsabilidade social”. Pelo que “utilizar subtilmente palavras como aparentemente em nada minimiza a acusação a um grupo de ciganos, toda esta situação de especulações além da propagação do ódio racial poderia ter despoletado situações de fricção entre afro-descendentes e pessoas ciganas e ter levado a situações incontroláveis”.

Os visados pretendem assim que os órgãos de comunicam social que ajudaram a promover os boatos se redimam das acusações. Se não o fizerem, prometem agir judicialmente.

Para além disto, as associações de cidadãos ciganos insurgem-se contra o “aproveitamento político da situação de um determinado político da nossa praça” cuja “perseguição movida é diária”. Só que desta feita o discurso também ele será alvo de queixas.

Estas associações e ativistas terminam o comunicado assegurando que “jamais defenderão criminosos ou vândalos”, sejam de que grupo étnico ou cultural forem, e que também não irão aceitar “que as generalizações e o “apedrejamento” a todas as pessoas ciganas seja uma constante neste país”. E a sua última palavra é para dar os pêsames à família do Luís Giovani “um jovem de 21 anos com um futuro à sua frente, não podia ter perdido a sua vida num episódio tão trágico”, lamentam.

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