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"Arquivos policiais de Xinjiang" revelam detalhes da repressão aos uigures
As imagens recebidas pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação de uma fonte anónima mostram fotografias dos presos tiradas pela polícia, mas também de interrogatórios e de outros aspetos da vida nos campos de internamento que o Governo de Xi Jinping afirma servir para a reeducação dos cidadãos da minoria uigur. Segundo esta investigação, as imagens são uma "prova irrefutável" da natureza altamente militarizada destes campos, ao contrário do que diz a propaganda nas visitas organizadas por Pequim, que descreve a atividade nos campos como sessões de formação para combater o fundamentalismo e o terrorismo, além de destacar o sucesso da abordagem nos últimos anos.
A revelação das imagens surge em vésperas da visita de Michelle Bachelet, a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, a Xinjiang, na sequência da denúncia do funcionamento destes campos de detenção.
Além das fotografias, também há documentos internos e registos dos discursos de altos funcionários do regime sobre as formas como os uigures e outras minorias da província de Xinjiang devem ser "reeducados" e reprimidos, além de documentos internos da polícia sobre os procedimentos a usar nas detenções. A maior parte dos documentos e fotografias são dos anos 2017 e 2018.
Segundo o investigador Adrian Zenz, que teve acesso aos documentos, cerca de 23 mil pessoas da localidade de Konasheher, ou seja 12% da população adulta, passaram por estes campos de detenção em 2018. A ONU e os Estados Unidos afirmam que cerca de um milhão de uigures passaram pelos campos nesse ano.
A região de Xinjiang faz fronteira a ocidente com sete países da Ásia Central e é um ponto fulcral para a Nova Rota da Seda. Há algumas décadas, o Governo prosseguiu uma política de alteração demográfica da província, promovendo a emigração de pessoas da etnia han para Xinjiang, o que provocou confrontos graves como o que deixou 200 mortos na capital Urumqi em 2009 e atentados mortíferos de grupos separatistas.
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