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Arábia Saudita: Murtaja manifestou-se aos dez anos, pode ser executado aos 18

Murtaja Qureiris, um adolescente saudita, é acusado de sedição e terrorismo. Foi preso aos 13 anos por protestar durante a Primavera Árabe. Enfrenta a pena capital. Segundo a Amnistia Internacional, foi torturado até produzir uma falsa confissão. O mesmo que tem acontecido com dezenas de ativistas.
Murtara Qureiris

Aos dez anos, Murtaja Qureiris montou a sua bicicleta e gritou slogans de protesto como “o povo exige direitos humanos”. Aos onze participou numa manifestação contra o governo na sequência do funeral do seu irmão mais velho. Este foi morto nos protestos de 2011 quando a primavera árabe chegou à Arábia Saudita e manifestantes, sobretudo xiitas, desafiaram a casa real Saud exigindo igualdade e mais justiça social.

Tudo isso está documentado em vídeo. Já aquilo de que é acusado pela justiça saudita não está. Murtaja é acusado de ter acompanhado o irmão de mota até à esquadra policial de Awamiya onde este teria lançado uma bomba artesanal. Noutra ocasião, já depois deste ter morrido, é acusado de ter disparado contra as forças de segurança. E de pertencer a “um grupo de terror extremista”. Tudo antes de ter 13 anos, idade com que foi preso. Por isso, enfrenta a possibilidade de crucificação e de desmembramento do seu corpo.

Os protestos da Primavera Árabe na Arábia Saudita foram pacíficos, defendem aqueles que neles participaram. Não há quaisquer provas de atos de violência por parte dos manifestantes, dizem. Pelo contrário, há muitas queixas de violência policial e de perseguições judiciais. Durante estes protestos, aliás, muitos dos manifestantes usavam máscaras para não serem identificados com medo de futuras retaliações. A família Qureiris não.

As condenações de ativistas xiitas que têm sido obtidas nos tribunais sauditas são, dizem as organizações de direitos humanos, feitas com base na tortura e sem garantias reais de defesa. E têm sido várias já que a repressão do governo saudita para com a minoria xiita tem aumentado. Tal como a tensão com o Irão que disputa influência com a Arábia Saudita, nomeadamente no Iémen.

Desde 2014, mais cem de xiitas foram julgados por oposição ao governo. Em 2016, Nimr al-Nimr, o clérigo xiita mais conhecido do país foi executado. Em abril foi a vez de 37 outras pessoas, maioritariamente xiitas, entre os quais um jovem de 16 anos. Os crimes que alegadamente foram cometidos por três dos executados tinham-no sido quando estes eram ainda menores de idade.

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