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AR condena decisão de Trump de reconhecer Jerusalém como capital israelita

Durante a apresentação do voto de condenação apresentado na Assembleia da República por Bloco, PAN e PS, a deputada bloquista Joana Mortágua acusou o presidente norte-americano de pretender “incendiar toda a região” e de pôr em causa “o bem mais precioso no Médio Oriente, que é a paz”.
Netanyahu e Trump durante a visita a Jerusalém em maio de 2017. Foto MNE Israel/Flickr

“Jerusalém é, provavelmente, um dos sítios do mundo com um equilíbrio mais frágil, e é também por isso que é um dos sítios do mundo em que esse equilíbrio deve ser mais respeitado”, coisa que, segundo a deputada bloquista Joana Mortágua, não aconteceu com a decisão do presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital do Estado de Israel.

“Esse equilíbrio deve ser respeitado porque Jerusalém é considerada sagrada por três religiões e, portanto, necessariamente, deve ser uma capital multirreligiosa. Mas esse equilíbrio deve também ser respeitado porque Jerusalém está no centro do conflito israelo-palestiniano e os dois Estados reclamam partes de Jerusalém como sendo a sua capital”, acrescentou a dirigente do Bloco.

Joana Mortágua sublinhou que “Jerusalém terá sempre de fazer parte de um processo de negociação de paz”.

“Podemos ter visões diferentes sobre como é que se constrói essa paz. Para o Bloco de Esquerda, ela não pode ser possível enquanto não existir o reconhecimento de um Estado Palestiniano e enquanto não existir o fim da complacência silenciosa com as agressões e as ocupações ilegais israelitas sobre o território palestiniano”, afirmou a deputada.

Joana Mortágua vincou que “podemos discordar sobre as condições da paz, mas há uma coisa que não é possível discordar, que é que essas condições são postas em causa, tal como foi dito por António Guterres, quando uma medida unilateral pretende incendiar toda a região”.

“Em todas as resoluções, em todos os acordos, em todas as administrações norte-americanas, nunca esta linha vermelha tinha sido ultrapassada. E é por isso que esta decisão da administração norte-americana já foi considerada um ato de vandalismo internacional”, sinalizou a dirigente bloquista, avançando que, “na verdade não há muitos nomes para descrever o facto de, por um mero ato de campanha interna, o presidente dos EUA se arrisque a pôr em causa o bem mais precioso no Médio Oriente, que é a paz”.



“E é em nome da paz que esta Assembleia deve condenar esta decisão da administração norte americana”, rematou.

Trump ameaça estabilidade social de toda a região do Médio Oriente

O voto de condenação pelo reconhecimento de Jerusalém como capital do Estado de Israel pelo presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, apresentado pelo Bloco, PS e PAN sublinha que “esta decisão, que não conhece precedente na história diplomática internacional, atenta contra todos os esforços de paz, do passado e do presente, e patrocina a perpetuação do conflito israelo-palestiniano, configurando assim uma ameaça à estabilidade social de toda a região do Médio Oriente”.

“A Organização das Nações Unidas nunca reconheceu Jerusalém como capital do Estado israelita, nem mesmo a ocupação de Jerusalém Oriental em 1967, posição que tem sido seguida pela comunidade internacional, que tem sediado os seus serviços diplomáticos em Telavive”, lê-se no documento.

Os signatários deste voto lembram ainda que “Jerusalém é considerada sagrada por cristãos, judeus e muçulmanos, e é por isso que a ONU tem recomendado que o estatuto Jerusalém seja negociado entre israelitas e palestinianos”.

“Aliás, nos Acordos de Oslo, na década de 90, o estatuto final da cidade de Jerusalém foi remetido para futuro acordo entre as partes, reconhecendo a necessidade de uma solução negociada e consensualizado no quadro da evolução do processo de paz”, acrescentam.

O voto de condenação faz ainda referência à preocupação face a esta decisão manifestada pelo Papa Francisco, que “lembrou o carácter multireligioso de Jerusalém, e apelou a um compromisso de respeito com o estatuto da cidade, em conformidade com as resoluções da ONU”.

A iniciativa foi aprovada pelo Bloco, PAN, PS, PSD, PCP, e PEV, PAN. A bancada do CDS-PP dividiu-se, com cinco deputados a absterem-se e dois a votarem contra. O socialista João Soares também se absteve.

Joana Mortágua: “Jerusalém terá sempre de fazer parte do processo de negociação de paz”

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