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Aquecimento global é uma certeza estatística

Artigo publicado na revista Nature Climate Change revela que o aquecimento global devido à ação humana é já uma certeza estatística. Com os dados de aumento de temperatura conhecidos, a probabilidade de estes serem ruído estatístico é de um num milhão.
Estação Rei Sejong do Centro Coreano de Investigação Antártica. Foto de Asia Society/Flickr.
Estação Rei Sejong do Centro Coreano de Investigação Antártica. Foto de Asia Society/Flickr.

O aquecimento global e as alterações climáticas são há vários anos facto quase unânime na comunidade científica. Apesar desta unanimidade, mantém-se no debate público um panorama mais confuso, fruto da influência desproporcionada de grupos de pressão céticos e negacionistas, que por vezes encontram aliados políticos de peso, como nas presidências de George W. Bush ou Donald Trump.

Um artigo publicado na revista Nature Climate Change vem encerrar qualquer dúvida científica razoável que restasse sobre o assunto. Em três breves páginas, uma equipa de cientistas norte-americanos, canadianos e escoceses passa em revista três momentos-chave nos saberes sobre o assunto. O primeiro é o chamado relatório Charney da Academia de Ciências dos EUA, que começou a estabelecer em 1979 os primeiros modelos climáticos e como a queima de combustíveis fósseis e subsequente aquecimento da atmosfera deixariam um sinal empiricamente detetável. O segundo é um artigo científico de Klaus Hasselman, também de 1979, que estabeleceu uma abordagem sólida para detetar esse sinal. Por fim, também a partir dessa altura, ficaram disponiveis satélites capazes de detetar as emissões de micro-ondas pelas partículas de oxigéneo na atmosfera, o que permitiu acumular desde então quatro décadas de dados fiáveis sobre as temperaturas no planeta.

Cruzando todos os dados de satélite sobre as temperaturas, acumulados nas últimas quatro décadas, e os modelos referidos, a equipa liderada por Benjamin Santer concluiu que a evidência de aumento de temperatura pela ação humana ultrapassou já desde 2005 o nível "de ouro" em termos de prova estatística, conhecido como sigma cinco: a probabilidade de o aumento de temperaturas registado se dever à variabilidade natural do clima, e não à ação humana, é de cerca de um num milhão.

Perante este dados, os cientistas afirmam que "a humanidade não se pode dar ao luxo de ignorar estes sinais". Recentemente, o movimento de greves estudantis pelo clima, iniciado por uma jovem sueca e que também chegou a Portugal, mostrou que a consciência social da gravidade do problema está a crescer. Mas a nível político continuam a tardar medidas concretas de combate às alterações climáticas. O país historicamente mais poluidor do mundo, os EUA, coloca com a administração Trump um obstáculo de peso a avanços na matéria.

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