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Aquecimento global ameaça extinguir espécie ameaçada de baleia

A baleia-franca-do-atlantico-norte estava concentrada no golfo do Maine, cujas águas aquecem duas vezes mais rápido que o resto do mar. A migração para norte em busca de alimento resultou num decréscimo da natalidade e num aumento da mortalidade.
Baleia-franca-do-atlântico-norte. Foto de FWC Fish and Wildlife Research Institute/Flickr.
Baleia-franca-do-atlântico-norte. Foto de FWC Fish and Wildlife Research Institute/Flickr.

Um estudo publicado esta semana na revista científica Oceanography mostra que o aquecimento global provocado pelos seres humanos está a fazer declinar fortemente a população de baleias-francas-do-atlântico-norte ao ponto de colocar a espécie em perigo de extinção.

Como o nome indica, a espécie podia originalmente ser facilmente encontrada um pouco por todo o Atlântico Norte, mas atualmente o seu reduto era o golfo do Maine, na costa nordeste da América do Norte. A situação agravou-se porque na última década as águas desta zona estão a aquecer a um ritmo 99% mais rápido do que o resto do mar. E os crustáceos de que estas baleias se alimentam desenvolvem-se em zonas de água fria.

A falta de alimento tem obrigado as baleias a deslocarem-se ainda mais para norte, para o Golfo de St Lawrence, no Canadá, o que está a diminuir o número de fêmeas que se reproduzem. A ecologista marinha Erin Meyer-Gutbrod, da Universidade da Carolina do Sul, explica que, para reproduzir com sucesso, aguentar a gravidez e alimentar a cria, as fêmeas precisam de acumular “camadas grossas de gorduras”.

Para além disso, em St Lawrence não estavam implementadas medidas de proteção da espécie, o que fez com que fossem atingidas por barcos ou ficassem presas em redes de pesca. Em 2017, 17 baleias desta espécie apareceram mortas, 12 das quais naquela parte do Canadá. Habitualmente costumavam ser três ou quatro, apontava Meyer-Gutbrod. Só depois disso, a partir de 2018, o governo canadiano implementou um plano de emergência para prevenir mortes de baleias. Nesse ano não houve mortes conhecidas, mas em 2019 voltaram a ser dez.

Numa década a população desceu 26% e agora calcula-se que só existam 356 baleias desta espécie. A União Internacional para a Conservação da Natureza passou a considerar, a partir de julho de 2020, a espécie como gravemente ameaçada.

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