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A angústia do vírus em quem mora nos bairros sociais da Grande Lisboa

Nos bairros sociais da Grande Lisboa, onde habitam milhares de cidadãos de países africanos, juntam-se a angústia de perder o emprego precário, o medo da infeção pelo novo coronavírus e a dificuldade do confinamento, onde não é fácil morar.
Nos bairros sociais da grande Lisboa, o medo do covid-19 e a angústia de perder o emprego, juntam-se a um confinamento em ambientes habitacionais insalubres. Fotografia por Paula Nunes/Arquivo

Numa reportagem publicada este domingo pela agência Lusa sobre o impacto da atual crise nos bairros sociais da Grande Lisboa, Virgínia Neto, da Associação de Promotores de Saúde Ambiente e Desenvolvimento Sócio Cultural, diz não ter mãos a medir no trabalho junto da população mais vulnerável, em especial os mais velhos e doentes.

A associação desenvolve o seu trabalho na freguesia de Santa Clara, em Lisboa, na antiga Quinta do Mocho, em Sacavém, e no bairro Santo António, em Camarate, onde não é fácil cumprir o distanciamento social, especialmente com as crianças a quererem brincar na rua ou confinar moradores em casas sem condições, refere Virginia Neto à Lusa.

Estes voluntários fazem compras, levam medicamentos e alimentos às suas habitações. "É um trabalho árduo. Todos os dias nos chegam necessidades, pessoas que precisam e temos de estar à altura para responder à necessidade das pessoas", disse à Lusa. "É uma situação bastante difícil, mas as pessoas estão a cumprir", assegurou.

Por seu lado, João Tatis Sá, presidente da Associação Guineense de Solidariedade Social, segue com preocupação os casos de cidadãos que ficaram sem trabalho e não sabem quando voltarão a tê-lo, em setores como a construção civil e a limpeza. “A maior parte está com dificuldades, incluindo a possibilidade de serem despedidas”, disse à agência Lusa.

Por sua vez, o próprio confinamento levou à suspensão da entrega de ajuda, como por exemplo o apoio alimentar, e muitos moradores já começam a sentir falta. Muitas das pessoas que ajudavam nesta distribuição têm alguma idade e doenças que as tornam pessoas de risco, pelo que não podem cumprir por agora essa função.

No Bairro da Jamaica, os problemas respiratórios devido à humidade nas habitações não são novidade, mas isso não impede que o confinamento esteja a ser seguido, disse à Lusa o presidente da Associação de Desenvolvimento Social de Vale de Chícharos. Para Salimo Mendes, a paralisação dos trabalhos de construção civil contribuiu bastante para que isso aconteça.

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