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Angola vai ter monumento às vítimas do 27 de Maio de 1977

Segundo o Portal de Angola, o ministro anunciou também que foi criada uma comissão, que estenderá a sua ação à emissão de atestados de óbitos e de nascimentos, mas não considera a hipótese de indemnização às vítimas dos “conflitos que assolaram o país”, justificando com a afirmação de que a “memória não se paga com dinheiro”. O ministro disse estar aberto a sugestões da sociedade civil, das famílias e de outras entidades, como igrejas e partidos, que visem assegurar a homenagem às vítimas dos “conflitos”.
O sociólogo, ativista e diretor do Centro de Estudos Africanos da Universidade Católica de Angola, Nelson Pestana “Bonavena” considera, segundo o portal, que o 27 de Maio é negativo para o país e uma “vergonha nacional” e defende a preservação da memória dos acontecimentos, socializando os factos tendo em conta a necessidade de apaziguamento e reconciliação nacional.
Em declarações à RFI (Rádio França Internacional), Nelson Pestana frisa que “só haverá reconciliação entre os angolanos, se for feita justiça e reparação em relação à memória das vítimas.
Também à RFI, Rui Tukayana, um dos fundadores da Associação M27, criada em 2018 em Portugal por órfãos das vítimas do 27 de maio, afirmou que é importante não esquecer, mas salientou que os familiares das vítimas querem os respetivos certificados de óbito, querem saber onde as vítimas foram enterradas e pretendem a restituição dos restos mortais para poderem fazer um funeral condigno. Querem também um monumento de homenagem às vítimas e sobretudo saber o porquê da chacina.
A Fundação 27 de Maio, criada por sobreviventes e que considera que a chacina foi um “genocídio”, também concorda com a construção do monumento. Em março passado, José Fragoso, vice-presidente da fundação, declarou à Deustche Welle (DW): "Este é o ponto fundamental, a construção de um memorial, porque ninguém parte deste mundo sem deixar uma campa".
A DW relatava então que o Jornal de Angola referia que o ministro Francisco Queiroz tinha afirmado que foi elaborado "um estudo para reparar os danos sofridos pelas vítimas de repressão, pelos défices de governação e por perseguição política, entre os quais as vítimas do '27 de Maio', dos massacres da guerrilha e outras vítimas da guerra".
"Nós tínhamos consciência de que, tarde ou cedo, o passivo do 27 de Maio seria resolvido, ainda que não fosse na nossa vigência. Mas é bom que esse passivo seja resolvido enquanto nós, sobreviventes, ainda estamos vivos", declarou então José Fragoso.
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