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Angola: Igreja Católica denuncia “nepotismo” e “corrupção generalizada"

Os bispos angolanos alertam para o “aumento assustador” do “fosso entre os cada vez mais pobres e os poucos que se apoderam das riquezas nacionais, muitas vezes adquiridas de forma desonesta e fraudulenta”.
Foto de Paulo Novais, Epa/Lusa.

Numa nota divulgada esta terça-feira pela Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), a Igreja Católica angolana assinala que a crise económica e financeira no país não foi provocada somente pela queda do preço do petróleo, mas pela "falta de ética, má gestão do erário público e corrupção generalizada".

Segundo a CEAST, a crise deve-se também à "mentalidade de compadrio, ao nepotismo”, bem como à “discriminação derivada da partidarização crescente da função pública, que sacrifica a competência e o mérito".

Os bispos angolanos alertam para o “aumento assustador” do “fosso entre os cada vez mais pobres e os poucos que se apoderam das riquezas nacionais, muitas vezes adquiridas de forma desonesta e fraudulenta”.

Os máximos representantes da Igreja Católica de Angola assinalam “a falta de critérios no uso dos fundos públicos, gastos exorbitantes e importação de coisas supérfluas", ao mesmo tempo em que se regista o “descuido da saúde pública e preventiva, a falta de saneamento básico, a falta de higiene pública e privada, aa falta de água e acumulação de lixo”, que se tem vindo a traduzir no aumento do índice de mortalidade de crianças e adultos.

“Assistimos a uma insensibilidade quase que crónica a tanto mal, à doença e à morte do próximo, e, em muitos hospitais, isto traduz-se no desvio de medicamentos para farmácias ou unidades de saúde privadas ou mercado paralelo onde são vendidos a preços insuportáveis para a maioria da população”, destacam.

De acordo com a Igreja Católica angolana, faltam medicamentos e alimentos em muitos hospitais.

Os bispos denunciam ainda a partidarização dos meios de comunicação social, “que por direito devem estar ao serviço de todos”, lamentando que “análises lúcidas, críticas bem fundadas e construtivas destinadas à construção do bem comum sejam muitas vezes interpretadas como ataque às instituições de legítima governação e à ordem pública em geral”.

Em entrevista à Deutsche Welle África, o porta-voz e vice-presidente da CEAST, José Manuel Imbamba, esclareceu que o alerta serve para chamar a atenção para a mentalidade existente de que "o país é um clube de amigos".

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