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Angola: contagem da CNE dá maioria diminuída a MPLA, UNITA contesta

O resultado é contestado mas a diminuição da votação do partido no poder há décadas é certa. Tal como é a derrota significativa que sofre em Luanda com a UNITA a ter 62,59% dos votos contra 33,81% do MPLA.
Angolanos observam uma ata eleitoral na zona de Luanda. Foto de PAULO NOVAIS/EPA/Lusa.
Angolanos observam uma ata eleitoral na zona de Luanda. Foto de PAULO NOVAIS/EPA/Lusa.

Segundo o escrutínio da Comissão Nacional de Eleições angolana, feito a partir de 97,3% das mesas de voto, o MPLA obtém 51,07%, menos dez por cento do que em 2017, elegendo 124 deputados, a UNITA fica com 44,05%, uma subida significativa relativamente aos 26.72% da última eleição, alcançando 90 deputados.

A CASA-CE, que tinha sido a terceira força mais votada perde os seus 16 deputados. O Parlamento ficará completo com o PRS, que teve 1,13%, elegendo dois deputados, a FNLA com 1,05% e dois deputados e o Partido Humanista de Angola com 1,01% e também dois deputados. A abstenção ultrapassou os 54%.

A instituição que coordena os processos eleitorais do país garante que não haverá oscilações de monta face aos resultados oficiais finais a publicar dentro de uma semana.

O resultado garante ao MPLA uma maioria absoluta e a continuidade à frente do executivo mas fá-lo perder a maioria qualificada que lhe permitia alterar a constituição sem o apoio de mais nenhuma força. O partido reagiu por intermédio de Rui Falcão, secretário para a informação do Bureau Político, dizendo que tem um resultado “suficiente para governar tranquilamente” e que espera que o segundo partido mais votado não jogue a carta das alegações de fraude.

A UNITA vence destacadamente em Luanda, com 62,59% dos votos contra 33,81% do MPLA e em mais duas regiões: Zaire e Cabinda. O partido foi divulgando uma contagem paralela a partir das atas síntese das mesas de voto e garantia que com 39,8% destas apuradas estava a muito curta distância do partido do governo: teria 46,89% contra 47,99%. Como os dados da província de Luanda ainda estariam a ser inseridos no sistema, previa que a diferença fosse esbatida. As declarações do seu dirigente Ruben Sicato foram no sentido do apelo à calma e à transparência e as da deputada Mihaela Web revelaram que tinha sido apresentada mais uma reclamação porque “o anúncio dos resultados provisórios pela CNE não está conforme à lei”, considerando no entanto pouco provável que a queixa tivesse seguimento porque “as instituições judiciárias ainda recebem ordens do poder executivo”. O partido anunciou para mais tarde uma conferência de imprensa para esclarecer a sua posição final sobre a votação.

Quem também contesta os resultados é a Coligação Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral que não acredita no resultado de 0,73% que lhe foi atribuído. A vice-presidente Cesinanda Xavier declarou que não concorda com os resultados e exige a publicação das atas, alegando que o processo “está cheio de irregularidades” e que está a ter de “acalmar” os “militantes, simpatizantes e amigos para não agirem de forma errada”.

A polícia divulgou entretanto que, no dia das eleições, houve 126 infrações relativas ao ato eleitoral em 15 províncias, tendo sido detidas 142 pessoas.

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