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“Amores pós-coloniais”: o amor e um pensamento colonizado em cena em Lisboa

Nesta peça, que estreia na próxima quinta-feira, o papel principal pertence à memória dos amores que foram condicionados pela violência do colonialismo. E o cenário de fundo é o de “um pensamento que ainda não se descolonizou”.
Foto de wajakemek|rashdanothman/Flickr

A companhia de Teatro Hotel Europa estreia esta semana o quarto capítulo do seu trabalho sobre o colonialismo e pós-colonialismo. A peça, criada por André Amálio e Tereza Havlíčoká, é uma exploração do que significava amar no espaço colonial e pós-colonial. Segundo a sua apresentação procura-se um retrato das “políticas do amor no espaço colonial” e também “perceber como a violência do colonialismo condicionava as relações amorosas”.

Os autores classificam-na como “um espetáculo de teatro documental” desenvolvendo, nas duas horas e meia de duração, uma investigação de toda a equipa da companhia a partir de vários tipos de documentos históricos e de uma recolha própria de testemunhos de antigos soldados brancos que tiverem filhos com mulheres africanas negras no tempo da guerra, de portuguesas brancas que se apaixonaram por africanos negros pertencentes aos movimentos de Libertação.

“Amores pós-coloniais” traz-nos ainda as histórias das crianças trazidas para Portugal por serem órfãs ou dos filhos de soldados que ficaram nos países africanos.

A estreia vai ser esta quinta-feira e estará em cena até dia 24 de fevereiro na Sala Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II. No dia 17 há uma conversa com os artistas após o espetáculo e no dia 24 uma sessão com interpretação em Língua Gestual Portuguesa e audiodescrição. Na Culturgest, no próximo mês de setembro, os vários capítulos do ciclo serão condensados numa peça intitulada “O fim do colonialismo”. Mais tarde, a 5 de outubro, no mesmo espaço, haverá um outro momento dedicado às “pós-memórias” de quem não viveu o colonialismo.

Em declarações à Agência Lusa, André Amálio, explica que neste espetáculo é “impossível não falar de racismo” mostrando-se aí “como é que há pessoas que continuam a ser violentadas quotidianamente devido a um pensamento racista, que advém de toda esta estrutura colonial de continuar a considerar o outro inferior e por isso poder maltratá-lo.”

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