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Amazing Aretha!

Amazing Grace, produzido entre outros por Aretha e Spike Lee, mostra-nos isso mesmo.
Sydney Pollack filmou em Janeiro de 1972 na New Temple Missionary Baptist Church de Los Angeles uma actuação histórica da melhor, para mim, soul sista de todos os tempos.
Polack antes de morrer, em 2008, cedeu as imagens que registou.
Alan Elliot tentou recuperar estas filmagens/ gravações, as quais durante uma década se tentaram sincronizar, vindo as mesmas a sair em 2018 aquando do falecimento de Aretha Franklin.
Não obstante as inúmeras falhas técnicas, vale bem a pena, para quem como eu gosta muito de Aretha, ver e ouvir, fazê-lo é embarcar numa viagem com a intérprete ao lado transcendental que a conduziu em vida: ao papel da fé na sua trajectória como intérprete.
Mais que um filme, trata-se de um documento histórico e etnográfico que nos permite entender o papel que a religião e o gospel tiveram durante todo o percurso de Aretha, mesmo num período em que contava com várias distinções/ Grammys e um reconhecimento generalizado na indústria cultural e discográfica.
Este documento alberga os dois dias em que decorreu a gravação.
O reverendo e director do coro gospel, que acompanham a intérprete, começa por avisar que a Warner Brothers está ali para filmar aquele momento, sugerindo aos presentes que não se coibissem de expressar entusiasmo "pois não saberiam quando tal poderia voltar a acontecer".
No segundo dia de gravação vemos a igreja cheia, com muitos fiéis, o pai de Aretha e até Mick Jagger a assistir.
Impressiona sempre ouvir Aretha, neste arquivo, tão cru, tão em carne viva, mesmo com todas as fragilidades na captação das imagens e na sequência dos planos, ainda mais. Mas, também me surpreendeu o seu olhar triste, como que desligado do corpo: da voz, e a sua energia transbordante sempre que fechava os olhos e se entregava à música que iniciou com a fé, ainda criança, pelas mãos do pai, como aqui ficou, mais do que claro, provado.
É este o resultado de Amazing Grace, título do hino cristão com letra de John Newton, que viria a surtir no disco ao vivo de Aretha Franklin. Para ela, sempre, respect!
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