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Almargem sinaliza “situações inexplicáveis” no incêndio da serra do Caldeirão

A Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve (Almargem) advertiu hoje que a serra de Monchique poderá tornar-se “um cenário do passado” por causa dos incêndios florestais como aquele que destruiu aproximadamente “4.000 hectares” na passada semana.

A Almargem recordou que o incêndio começou a 3 de setembro e reacendeu-se “de forma inexplicável e com extrema violência” no dia seguinte, “atingindo povoações importantes como Casais e só parando já bem dentro do concelho de Portimão”.

Desta forma, revela a associação, houve a destruição de “uma área cerca de dez vezes maior” do que a zona que ficou inicialmente queimada.

A Almargem refere ainda que “a maior parte da área agora ardida já tinha sido alvo de um dos gigantescos incêndios de 2003”, ano em que se “destruíram 40 mil hectares da serra de Monchique - em parte já no distrito de Beja - ”, e de outros fogos “mais pequenos” nos anos de 2001 e 2004.

Nos últimos 15 anos, arderam só no Algarve 115 mil hectares, correspondendo a cerca de um quinto do território da região, fruto, principalmente, de quatro grandes incêndios: Monchique 2003 (32 mil hectares), Caldeirão 2004 (20 mil hectares), Sotavento 2004 (20 mil hectares) e Tavira 2012 (24 mil hectares)”, sublinha a Almargem.

Panorama “gravíssimo”

Perante este cenário, aquela associação qualifica como “gravíssimo” que “quase toda a área da serra de Monchique tenha ardido completamente nos últimos anos”, e faz notar que essa área verde está integrada na Rede Natura 2000 e conta com algumas áreas sobreviventes de soutos, castinçais e sobreirais de importância económica e ambiental e em risco de desaparecer.

Para a Almargem há causas estruturais que podem aumentar o risco de incêndios florestais, como “situações meteorológicas excecionais ou de difícil reversibilidade”, e também a “negligência humana no uso do fogo” ou o despovoamento e o envelhecimento das zonas e populações rurais, embora considere que há ainda outras causas que podem e devem ser combatidas de imediato.

Entre os pontos negros das políticas de defesa das florestas, a Almargem refere nomeadamente “a quase ausência de práticas sistemáticas de desmatação, a falta de limpeza de áreas ardidas ou alvo de exploração florestal” e também a “diminuição do investimento nas essenciais tarefas de prevenção e vigilância”.

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Termos relacionados Incêndios florestais, Ambiente
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