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Airbus obrigada a pagar quatro mil milhões de dólares por corrupção

A companhia aeronáutica europeia aceitou pagar aos Estados Unidos, França e Grã-Bretanha quatro mil milhões. O acordo serve para resolver as investigações sobre subornos sistemáticos feitos pela empresa para ganhar contratos de venda de aviões em vários países.
Fábrica da Airbus em Hamburgo. Janeiro de 2020. Foto de Gilbert Sopakuwa/Flickr.

O maior acordo de sempre num caso de fraude. Foi assim caraterizado o processo de resolução das acusações de corrupção que pendiam sobre a empresa europeia de construção de aeronaves. A Airbus reconheceu os atos, decidiu pagar, e as autoridades dos EUA, França e Grã-Bretanha trataram de encerrar o caso.

Durante mais de cinco anos, dizia a acusação norte-americana, a empresa recorreu a subornos e lançou informação falsa com o objetivo de ganhar licenças que lhe permitiriam exportar tecnologia militar dos Estados Unidos. A companhia terá também violado os regulamentos de vendas de armas deste país.

Já os franceses e britânicos acusavam a Airbus por fraude e suborno ganhar contratos de venda de aviões.

Se a empresa se livra assim de um processo que a ensombrou durante vários anos, alguns dos seus ex-quadros de topo não poderão respirar de alívio. Os procuradores franceses, por exemplo, não excluem que responsáveis como o ex-administrador Tom Enders possam vir a ser acusados pessoalmente por crimes cometidos neste âmbito. Este teria conhecimento de tudo e chamaria à divisão que estava encarregue dos subornos o “castelo da treta”.

O Estado francês comunicou que irá embolsar 2,1 mil milhões de euros. Para a Grã-Bretanha irão 991 milhões. E os EUA cerca de 530 milhões. As três partes louvam os resultados da investigação conjunta que começou em 2016, conseguiu analisar 30 milhões de documentos e esteve no terreno em 20 países diferentes.

As conclusões da investigação, nas palavras de Brian Benczkowski que liderou o processo do lado da divisão criminal do Departamento de Justiça dos EUA, iam no sentido de que “a Airbus desenvolveu um esquema massivo durante ano para, de forma corrupta, beneficiar os seus interesses comerciais através do pagamento de subornos na China e em outros países”. Para além deste país, ficou provado o pagamento de subornos na Malásia, Sri Lanka, Indonésia, Taiwan, Gana, Japão, Rússia, Kuwait, Brasil e Turquia.

As palavras de Victoria Sharp, do Supremo Tribunal de Londres, foram no mesmo sentido: “a seriedade do crime neste caso não necessita de ser soletrada. Como é do conhecimento de todos os lado, era grave”, sendo a sua escala “endémica”.

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