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Açores: Bloco quer travar incineradora em São Miguel

O Bloco de Esquerda dos Açores vai levar ao parlamento regional uma proposta para impedir a construção de uma incineradora de resíduos na ilha de São Miguel. Na conferência de imprensa de apresentação da iniciativa, António Lima, deputado e coordenador regional do BE Açores, afirmou que "a instalação de uma incineradora com uma capacidade de processamento de resíduos absolutamente sobredimensionada é um enorme erro ambiental e económico".
O atual Plano Estratégico de Prevenção e Gestão de Resíduos (PEPGRA), que expira em 2020, prevê a construção de duas centrais de incineração: uma em São Miguel e outra na Terceira. Com o plano a expirar dentro de um ano e a central de São Miguel ainda sem sair do papel, António Lima defende que o novo plano a aprovar deve abandonar a ideia: "A revisão do PEPGRA é o momento ideal para se definir uma nova política de gestão de resíduos nos Açores. A mudança que falta fazer passa inevitavelmente por tirar do caminho a incineradora de São Miguel”.
A incineração de resíduos é uma solução que está a ser ultrapassada devido aos seus impactos ambientais. Recentemente, o Parlamento Europeu aprovou um novo regulamento de financiamento de projetos que deixou de contemplar as incineradoras, sinal da "mudança ao nível europeu no que respeita às políticas de gestão de resíduos”, considerou António Lima.
Mas mesmo sem corte de financiamento europeu, a incineradora seria problemática pois desvia recursos de melhores soluções e impede a região dos Açores de cumprir as metas de reciclagem a que está obrigada, afirmou o deputado regional. Isto já se verifica no fracasso da meta de reciclar 50% dos resíduos da região até ao próximo ano, que Lima atribuiu à concentração de todos os investimentos na incineradora de São Miguel. Em 2018, segundo o Relatório do Sistema Regional de Informação Sobre Resíduos, os Açores reciclaram 37,5% dos resíduos, e São Miguel apenas 27%. Se a incineradora vier mesmo a avançar, ficará comprometida também a meta de reciclar 65% dos resíduos até 2035, acrescentou Lima.
António Lima salientou os bons resultados dos centros de processamento de resíduos nas sete ilhas açorianas que não têm previstas incineradora, que demonstram ser possível atingir taxas de reciclagem de 80% — "se isto é possível em sete das nove ilhas, tem de ser possível também em São Miguel e na ilha Terceira”. Por conseguinte, concluiu, “não reconhecer que o projeto da incineradora é um erro, por uma absurda e estranha teimosia, é uma enorme irresponsabilidade que no futuro pagaremos muito caro".
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