“Se chegarmos ao dia das eleições sem conhecermos esse plano e o verdadeiro estado da empresa estaremos perante um golpe na democracia por parte um governo que esconde ao povo uma parte importante do seu futuro próximo”, disse esta segunda-feira o deputado do Bloco de Esquerda, em conferência de imprensa.
António Lima lembra que a secretária regional dos Transportes, Ana Cunha, prometeu apresentar o Plano de Reestruturação na Comissão de Economia antes do mês de agosto, mas continua sem o fazer. “O que se conclui é que o Governo quer esconder aos açorianos, os únicos e verdadeiros donos da SATA, o que fará à empresa e quer esconder aos seus trabalhadores as medidas gravosas que está a preparar”.
“A SATA não é do Governo Regional e muito menos do Partido Socialista”, é de todos os açorianos e açorianas, e “não é substituível”, porque cumpre a missão de garantir a mobilidade dos açorianos e açorianas entre todas as ilhas e para o exterior.
O Bloco considera que a SATA já precisava de um plano de recuperação muito antes da pandemia, e a insistência do Governo na privatização foi tempo perdido que levou a companhia aérea a uma situação limite.
“Governo Regional prefere defender os negócios com a Ryanair do que defender a SATA”
Sobre a investigação da Comissão Europeia aos aumentos de capital da SATA, António Lima acusa a Comissão Europeia de “preconceito ideológico”: “A intenção da Comissão é, desde há muito, acabar com a existência de empresas públicas de aviação, a coberto das regras da concorrência, chegando ao absurdo de querer impedir que os próprios acionistas públicos invistam nas suas empresas. Mas permite que os acionistas privados invistam nas suas”.
O líder do Bloco Açores acusa também a Ryanair de “hipocrisia e desfaçatez” por ter apresentado uma queixa no Tribunal de Justiça Europeu contra o auxílio de Estado à SATA, quando esta companhia aérea “beneficia de milhões por toda a Europa em subsídios públicos”.
Aliás, ainda há poucos meses, o Governo Regional atribuiu um milhão de euros à Ryanair para uma campanha de publicidade: “mais um subsídio disfarçado de prestação de serviços”.
“O Governo Regional prefere por isso defender os negócios com a Ryanair do que defender a SATA dos seus ataques. Para o Bloco não temos dúvidas sobre de que lado estamos: do lado da recuperação da SATA, da transparência e da democracia”, disse António Lima.