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“Acordo tem todas as condições para durar uma legislatura”

Em entrevista à TSF, Catarina Martins declarou que espera do governo a recuperação de rendimentos, a proteção do Estado Social, o parar das privatizações e a reconstrução de direitos do trabalho e salienta: “como foi muito negociado e pensado, o acordo tem todas as condições para durar uma legislatura”.
Catarina Martins declarou à TSF que espera do governo a recuperação de rendimentos, a proteção do Estado Social, o parar das privatizações e a reconstrução de direitos do trabalho

Catarina Martins foi entrevistada nesta quarta-feira, 25 de novembro de 2015, por Paulo Tavares na TSF.

Questionada sobre “que face do governo espera ver”, a deputada salientou “medidas muito concretas sobre rendimentos em várias áreas, nomeadamente o descongelar das pensões”, lembrando que “os pensionistas em Portugal têm vivido cada ano com menos”.

A porta-voz do Bloco recordou que se a direita tivesse continuado no governo “haveria um corte nas pensões na ordem dos 4.000 milhões de euros” , lembrou que o “PS tinha um congelamento de 1600 milhões” no seu programa eleitoral, e realçou que as pensões não vão ser cortadas, nem congeladas - “é modesto, mas é um passo”.

A deputada referiu que se vai “iniciar um processo de aumento de salário mínimo nacional”, lembrando que “uma mãe com um filho, se ganhar o salário mínimo nacional ficará a baixo da linha de pobreza”. E sublinhou também a recuperação da dignidade, citando o aumento do papel da ACT (Autoridade para as condições de trabalho) e a “reposição de mínimos de decência”: feriados, banco de horas individual.

Governo de Passos Coelho e Paulo Portas empobreceu o país e piorou as contas públicas

Questionada sobre eventuais “constrangimentos” que surjam, a porta-voz do Bloco salientou que vão haver pressões no país e também externas. Sobre estas, afirmou que “o problema é que temos tido um governo que vai a Bruxelas receber ordens de Berlim sobre como baixar rendimentos em Portugal” e salientou que o governo de Passos Coelho e Paulo Portas empobreceu o país e piorou as contas públicas, referindo que a dívida aumentou e o défice é o mesmo de 2011, depois dos cortes e do aumento brutal de impostos.

Catarina Martins lembrou também que o caso da Grécia “ensinou que pressão europeia pode ser fortíssima” e que na Europa são necessários “governos que não recebam ordens, mas defendam o seu país”.

Sobre a reestruturação da dívida, a deputada bloquista referiu que o “PS pensa que é possível ir ponto a ponto sem reestruturação da dívida” e lembrou que o Bloco defendia “que era preciso ir mais longe”, para conseguir, por exemplo, garantir o subsídio social de desemprego a todos os desempregados ou a aproximação das pensões mínimas ao salário mínimo.

Questionada sobre se o Bloco está preparado para surpresas desagradáveis, Catarina Martins apontou que realmente poderão haver surpresas desagradáveis, citou a “fraude eleitoral da direita” sobre a devolução da sobretaxa, lembrou que o “sistema financeiro é uma bomba relógio e continua a não ser sólido” e recordou ainda as “ações ilegítimas” do governo PSD/CDS nos últimos tempos, nomeadamente a privatização da TAP.

O que está acordado não volta atrás”

Assim, perante a possibilidade de poderem haver surpresas desagradáveis, a porta-voz do Bloco apontou as garantias existentes, “o que está acordado não volta atrás”, e as “balizas políticas” definidas: recuperação de rendimentos, de salários e pensões, o fim das privatizações e a proteção do Estado Social.

Catarina Martins sublinhou que a evolução da situação em Portugal, desde as últimas eleições legislativas, trouxe o retorno do debate político, “toda a gente fala de política”, e salientou que “isto é democracia”. “Democracia não é votar de 4 em 4 anos e depois alguém ir mostrar folhas de excel em Bruxelas”, realçou, considerando que “a discussão política mostra que as pessoas não desistiram do país” e que só com “esperança” e “exigência” poderemos “sair da crise”.

Questionada sobre se “admite integrar o governo nesta legislatura”, Catarina Martins respondeu que “o Bloco não pode integrar governos que subscrevem” compromissos com que o Bloco não concorda, em que “o povo não foi ouvido” e que não permitem romper totalmente com a austeridade”.

E, em conclusão, destacou que o acordo é “um passo” e que “como foi muito negociado e pensado, o acordo tem todas as condições para durar uma legislatura”.

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