Acordo mundial para regular exportações de lixo plástico

13 de May 2019 - 12:35

As exportações de lixo plástico vão passar a ter de ser autorizadas pelos países que as receberem. Esta é a principal medida do acordo agora alcançado no âmbito da Convenção de Basileia que visa a regulação do transporte de detritos perigosos. Os EUA ficam de fora destas medidas.

PARTILHAR
Foto de Rey Perezoso/Flickr

Não é o fim do dumping ambiental. Mas o acordo alcançado por 180 países signatários da Convenção de Basileia da ONU vai alterar as regras das exportações de lixo plástico para os países em vias de desenvolvimento. Se até agora estas exportações passavam por canais privados, agora vão necessitar de autorização pública. Ganha-se em transparência, dizem os promotores do acordo.

A exportação de restos de plástico para países em vias de desenvolvimento atinge números preocupantes. O sudeste asiático é atualmente uma das regiões que mais importa e o destino final de muitos dos detritos vendidos a empresas locais não é controlado. Grande parte deles acaba no oceano. A cada ano são nove milhões de toneladas que se vão acumulando nos mares.

Recentemente, as campanhas ambientalistas contra o plástico nos oceanos têm conseguido impressionar a opinião pública.

Aos noticiários chegaram também notícias sobre a quantidade de plástico encontrado, por exemplo, em baleias mortas.

E não é só nos mares. Claire Arkin, da GAIA, Aliança Global pelas Alternativas às Incinerações, uma organização que junta mais 800 grupos ambientalistas em 90 países e que se centra no combate à incineração de resíduos, declarou a este propósito ao The Guardian: “descobrimos que havia lixo vindo dos EUA que acabava empilhado em aldeias nestes países que outrora eram sobretudo comunidades agrícolas”.

O cenário do comércio deste tipo de detritos mudou radicalmente desde que, em janeiro de 2018, a China deixou de aceitar importações de lixo plástico. Entre 1992 e essa data este país tinha importado quase metade dos resíduos plásticos ao nível mundial, cerca de 106 milhões.

Do outro lado da balança, os EUA são um dos maiores produtores deste tipo de resíduos. Não são signatários desta convenção. E fizeram saber que não concordam com as medidas adotadas.

Apesar disto, Rolph Payet, secretário-executivo do Programa Ambiental da ONU considera o resultado dos onze dias de debates que envolveram 1400 delegados como “histórico” no combate à “epidemia” da poluição por via do plástico.