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Abelhas sabem fazer contas

As abelhas têm capacidade de aprender conceitos simples de soma e subtração de forma a resolver problemas, concluiu uma equipa de investigadores.
Abelhas em colmeia. Foto de Pamala Wilson/Flickr.
Foto de Pamala Wilson/Flickr.

Durante muito tempo julgou-se que falar ou fazer contas eram capacidades que distinguiam radicalmente a nossa espécie de outros animais. Nos últimos anos, no entanto, diversos estudos têm vindo a mostrar que a distinção é mais subtil do que se julgava, pois se os humanos continuam sem rival, vai-se descobrindo capacidades simbólicas e matemáticas simples em cada vez mais animais.

Depois de diversas espécies de primatas, pinguins ou aranhas, juntam-se agora as abelhas ao catalógo de animais capazes de fazer contas. Num artigo publicado há uma semana na revista de acesso livre Science Advances, uma equipa de investigadores australianos e franceses testou a inteligência destes insetos através de uma experiência.

Os investigadores colocaram as abelhas num labirinto onde se deparavam inicialmente com uma imagem de um certo número de polígonos de cor azul ou amarela. Após esse momento, prosseguiam para um segundo ponto com duas imagens com a mesma cor mas um número de polígonos diferente, uma com menos um polígono que a imagem inicial, outra com mais um. Se a cor fosse amarela, a abelha teria de escolher a imagem com menos um polígono, e se fosse azul com mais um, para receber uma solução açucarada. Caso contrário, recebia uma solução de quinino, um sabor desagradável para o seu palato.

14 abelhas treinaram este exercício mais de cem vezes cada uma, com cores e formas selecionadas aleatoriamente. Após o treino, veio o teste: as abelhas deparavam-se com uma primeira imagem que nunca tinham visto antes, para garantir que não haveria uma resposta memorizada, e de seguida escolhiam de novo entre as duas imagens seguintes com "mais um" ou "menos um",  sendo a resposta correcta dada pelas cores azul e amaraela respetivamente.

Perante o desafio, os pequenos insetos conseguiram responder corretamente entre 64% e 72% das vezes para receber a sua solução açucarada, uma taxa de resposta correta bastante melhor do que se respondessem aleatoriamente.

Este é mais um exemplo, entre outros que se têm acumulado nos últimos anos, de que vários animais conseguem compreender noções simples de adição ou subtração, e mesmo noções mais complexas como zero, e agir em conformidade. No entanto, não é claro qual será o mecanismo por trás destas capacidades. Pode não ser necessariamente uma "consciência" numérica no sentido usual do termo, mas por exemplo uma capacidade adaptativa para resolver problemas, que é comum a muitas espécies e poderia explicar a semelhança de resultados entre espécies muito diversas que se tem vindo a constatar.

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