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90% das aplicações de saúde recolhem dados do utilizador

Um estudo publicado no British Medical Journal detetou “problemas sérios de privacidade” neste tipo de aplicações.
Aplicações de saúde. Foto de Forth With Life/Flickr.
Aplicações de saúde. Foto de Forth With Life/Flickr.

A esmagadora maioria das aplicações médicas, de saúde e de fitness que se podem descarregar nos telemóveis têm “sérios problemas de privacidade”. Segundo um estudo publicado esta quinta-feira no British Medical Journal, 88% das 20.991 aplicações analisadas têm acesso a dados pessoais dos utilizadores.

Os especialistas australianos, do Departamento de Computação e do Centro de Informática da Saúde da Macquarie University, concluem ainda que a forma como as aplicações recolhem dados é considerada “longe de ser transparente e segura” e “frequentemente excede o que é publicamente revelado pelos criadores das aplicações”. Em 28% dos casos não há sequer qualquer tipo de declaração de privacidade que explique que dados são recolhidos. As aplicações escolhidas para análise estão todas disponíveis na Google Play Store, embora violem as normas deste serviço.

O estudo mostra que dois terços das aplicações que têm objetivos como gerir problemas de saúde, verificar sintomas, contar passos e calorias ou analisar ciclos menstruais, podem recolher identificadores de publicidade ou cookies, um terço a morada de e-mail do utilizador e um quarto pode identificar a torre a que o aparelho está ligado, sendo assim capaz de localizar o utilizador. Contudo, explicam os investigadores, apenas 4% transmitiram mesmo dados a terceiros, as mais das vezes o nome do utilizador e a sua localização de informação.

Muhammad Ikram, um dos autores deste trabalho, em declarações ao Guardian, explica que “alguma desta informação que é recolhida é utilizada para rastreio e para fazer perfis, o que é feito por terceiros como publicitários e empresas de rastreio e é basicamente uma forma de mineração de dados feita sem o consentimento do utilizador explicita e implicitamente”.

Da análise às críticas publicadas sobre as aplicações de saúde na plataforma em que são descarregadas, concluiu-se que apenas 1,3% mostraram algum tipo de preocupação sobre privacidade.

Salienta-se que os problemas de privacidade são derivados de “um modelo de negócio que é centrado em vender subscrições ou em partilhar dados dos utilizadores e de uma falta de implementação de medidas de privacidade em todo o mundo”. Sendo a recolha de dados uma “prática generalizada que não é sempre transparente e segura” e que estas aplicações se estão a tornar “fontes de informação e ferramentas de apoio a decisões para médicos e pacientes, os autores da investigações recomendam que os pacientes sejam informados das práticas das empresas e que os médicos compreendam os problemas de privacidade de aplicações na sua área de especialidade, como acesso a câmaras, microfones e localizações, para os conseguirem explicar.

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