27 neonazis começam a ser julgados por ataques violentos

23 de February 2022 - 14:00

Os acusados pertencem ao grupo Portugal Hammersinks e respondem pelos ataques a 18 vítimas entre 2015 e 2017. Dois dos neonazis foram condenados no julgamento do assassinato de Alcindo Monteiro em 1995.

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Entrada do primeiro dia do julgamento dos hammerskinks em Lisboa. Foto Tiago Petinga/Lusa

Arranca esta quarta-feira o julgamento dos 27 skinheads ligados ao grupo Portugal Hammerskins. Entre os crimes de que estão acusados os neonazis, contam-se a tentativa de homicídio qualificado, roubo, tráfico de estupefacientes e de armas, discriminação racial, religiosa ou sexual, ofensa à integridade física e incitamento à violência.

Segundo a acusação, os ataques violentos feitos em grupo contra pessoas que normalmente apanhavam sozinhas e sem capacidade de resistência destinavam-se a cumprir os rituais de entrada no grupo dos hammerskins por parte dos novos candidatos. Entre as 18 vítimas encontram-se jovens negros, um militante comunista apanhado à saída de um comício, um ativista antifascista de Braga e jovens que à vista do grupo neonazi aparentavam ser homossexuais. Os crimes tiveram lugar em Lisboa, Loures e Porto.

Dois dos neonazis sentados no banco dos réus já contam com condenações no julgamento dos ataques que culminaram no assassinato de Alcindo Monteiro em 1995. Jaime Hélder foi então condenado a 17 anos e meio de prisão e Nuno Cerejeira a dois anos e seis meses.

De acordo com o Ministério Público, ficou “suficientemente indiciado que os arguidos agiram com o propósito de pertencer a um grupo que exaltava a superioridade da 'raça' branca face às demais raças, sabendo que, pertencendo a tal grupo deveriam desenvolver ações violentas contra as minorias raciais, assim como contra todos aqueles que tivessem orientações sexuais e políticas diferentes das suas".

O grupo agiria organizadamente “desde pelo menos 10 de junho de 2015”, “agredindo e ofendendo pessoas com ideais políticos, raça, religião ou orientação sexual distintos dos seus e incentivando ao ódio e à violência contra aqueles”, refere a acusação.

Os dois casos mais graves foram agressões “com facas e outros objetos corto-perfurantes no abdómen e tórax, sendo que as partes do corpo visadas e atingidas eram aptas a determinar as suas mortes, o que apenas não se verificou por razões alheias às vontades dos agressores”. Ou seja, segundo o Ministério Público os hammerskins pretenderam matar estas duas pessoas mas não conseguiram.

A maior parte dos acusados foi detida em 2016 pela Unidade Nacional de Contraterrorismo da Polícia Judiciária e vários já tinham sido alvo da megaoperação que em 2007 desmantelou o mesmo grupo, nessa altura liderado por Mário Machado.

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