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11 mil cientistas assinam manifesto a declarar emergência climática

40 anos após a primeira Conferência Mundial sobre o Clima, em Genebra, mais de 11 mil cientistas de 153 países assinam uma carta a alertar que a crise climática está a acelerar mais do que o previsto.
Manifestação greve climática estudantil.
Manifestação da greve estudantil climática de 15 de março em Lisboa. Foto Paula Nunes.

Neste aviso dos cientistas publicado na revista Bioscience, no dia em que passam 40 anos desde a realização da Conferência Mundial do Clima em Genebra, mais de 11 mil cientistas declaram que “o planeta Terra enfrenta uma emergência climática” e mostram um retrato dos indicadores das transformações da atividade humana das últimas décadas e também do impacto climático dessas transformações.

“A crise climática chegou e está a acelerar mais rápido do que a maior parte dos cientistas esperava. É mais grave do que se previa, ameaçando os ecossistemas naturais e o destino da humanidade”, refere o artigo, sublinhando a sua preocupação especial com os “pontos de viragem climática potencialmente irreversíveis” que podem levar a uma catástrofe “bem para além do controlo dos humanos”. “Estas reações em cadeia do clima podem provocar perturbações significativas para os ecossistemas, as sociedades e as economias, podendo tornar grandes áreas da Terra inabitáveis”, avisam.

Para evitar a catástrofe climática anunciada, os cientistas propõem a tomada imediata de medidas em seis áreas fundamentais: a energia, com a substituição dos combustíveis fósseis por fontes renováveis, deixando no solo os stocks ainda disponíveis e eliminando os subsídios aos combustíveis fósseis; a redução das emissões de poluentes  de vida curta, como o metano ou os hidrofluorocarbonetos; a natureza, protegendo e recuperando ecossistemas como os recifes de coral, as florestas e savanas e tantos outros que contribuem para a captura de carbono; a alimentação, reduzindo o consumo de produtos de origem animal, em especial o gado, libertando o solo para o cultivo de alimentos; a economia, alterando o objetivo do crescimento do PIB pelos do bem-estar,  redução das desigualdades e sustentabilidade dos ecossistemas; e a população, travando o seu crescimento através de medidas de reforcem os direitos humanos, a igualdade de género e o acesso ao planeamento familiar.  

Os cientistas reconhecem que para atingir o objetivo são necessárias transformações enormes na forma como as sociedades funcionam, mas dizem-se encorajados pelo aumento da preocupação social com o tema, das greves climáticas estudantis, aos processos judiciais contra os grandes poluidores.

“Acreditamos que as hipóteses de sucesso serão maiores se os decisores políticos e toda a humanidade responderem rapidamente a este aviso e declaração de emergência climática e ajam no sentido de defender a vida no planeta Terra, a nossa única casa”, conclui a carta aberta.

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