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O Mundo em 2011: O fim da era dos vaivéns espaciais

O vaivém espacial OV-104 Atlantis aterrou no Centro Espacial Kennedy no dia 21 de julho de 2011. Foi o último voo destes veículos e o final de uma época na Era Espacial.
A era dos vaivéns espaciais começara nos anos 70 com os primeiros testes, e o primeiro voo espacial de um vaivém, o Colúmbia, ocorreu em 12 de abril de 1981. Seguiu-se o Challenger a 4 de abril de 1983, o Discovery a 30 de agosto de 1984, o Atlantis a 3 de outubro de 1985 e o Endeavour a 7 de maio de 1992.
Ao longo de 30 anos, os vaivéns transportaram astronautas, satélites, o telescópio Hubble, componentes da Estação Espacial Internacional e serviram para a realização de milhares de pesquisas científicas nas áreas de biologia, medicina, astronomia, meteorologia, telecomunicações, todas conduzidas em ambiente de gravidade zero.
No total, foram 135 missões. Das cinco naves que foram ao espaço, duas explodiram: a Challenger, em 28 de janeiro de 1986, e a Colúmbia, que se desintegrou em 1º de fevereiro de 2003, ao entrar na atmosfera terrestre. Em cada um destes acidentes, morreram sete astronautas.
Os vaivéns espaciais passaram a ser peças de museu. O Atlantis exposto aos visitantes do Centro Espacial Kennedy, o Discovery no Museu Aeroespacial (Air & Space Museum), em Chantilly, Virgínia, próximo de Washington, e o Endeavour no Centro de Ciência de Los Angeles, Califórnia.
O fim do programa criado em 1981 foi decidido em parte por motivos financeiros e significa que o governo americano deixou de ter meios para colocar astronautas em órbita durante uns bons anos.
A Nasa anunciou que pretende convidar o setor privado para parcerias que forneçam o transporte. E enquanto os novos veículos não ficam prontos, a agência usará naves russas para transporte de pessoal para a Estação Espacial Internacional.
O sucessor do vaivém em que a Nasa trabalha agora não tem propulsão própria, a sua capacidade é de apenas quatro astronautas e pequena capacidade de carga, e tem o formato semelhante ao das cápsulas tripuladas do Projeto Apollo – é o MPCV, sigla de Multi-Purpose Crew Vehicle, ou seja, Veículo Tripulado de Múltiplos Propósitos. A Nasa abandona, assim, o formato de avião e regressa às naves estilo Apollo.
O MPCV será lançado no nariz de um grande foguete. Mas esse foguete ainda não foi desenvolvido.
Cortes de verbas ameaçam inúmeros projetos
Outros projetos científicos importantes, como o telescópio James Webb, o mais importante telescópio espacial para a astronomia e a astrofísica nas próximas décadas e o substituto do Hubble, foi posto em causa por uma proposta dos republicanos na Câmara dos Representantes dos EUA, argumentando com os elevados custos do projeto relembrando e as atuais condicionantes orçamentais dos EUA para combater a crise da dívida. Também foram anunciados cortes nos orçamentos do CERN, do Acelerador Europeu de Sincrotrão, da Estação Espacial Internacional.
No final do ano, foi a vez da Comissão Europeia anunciar a intenção de retirar do orçamento da União Europeia o projeto ITER e o programa GMES.
O ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor: Reator Termonuclear Experimental Internacional) tem como objetivo produzir energia através da fusão nuclear (em vez da fissão dos reatores das centrais nucleares) e é financiado conjuntamente pela UE (União Europeia), os EUA, a China, a Índia, a Rússia, a Coreia do Sul e o Japão. A contribuição da UE no período compreendido entre 2014 e 2020 é de cerca de 2,7 mil milhões de euros.
O GMES (Global Monitoring for Environment and Security: Monotorização Global para o Ambiente e a Segurança) será uma constelação de satélites europeia que observará a superfície da Terra e a atmosfera em contínuo auxiliando os serviços meteorológicos de toda a Europa de modo a que estes prestem informações mais precisas aos cidadãos, a empresas e a instituições. O seu custo total é de cerca de 5,8 mil milhões de euros.
Estas políticas de cortes cegos da Comissão Europeia ignoram por completo as potencialidades da ciência para a resolução da crise, para a criação de novas tecnologias, novas empresas e criação de emprego qualificado, contrariando os chamados Objetivos de Barcelona que definem as linhas diretoras do investimento em ciência na Europa. Na verdade, a Comissão considera mais a ciência como um problema do que propriamente como uma solução para tirar a Europa da crise.
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