Em 9 de abril, os islandeses votaram, pela segunda vez, em referendo, que o Estado não devia pagar a dívida de cerca de quatro mil milhões de euros à Holanda e ao Reino Unido. O "não" ganhou com quase 59,7%, tendo o “sim” obtido 40,2%.
Desta forma, os islandeses decidiram que não queriam que dos seus bolsos saísse uma parte significativa do valor total das indemnizações que o governo da Islândia se comprometeu a pagar a Londres e a Haia.
O referendo foi convocado pelo presidente da Islândia, Ólafujr Ragnar Grímsson, que a 20 de fevereiro tinha vetado, também pela segunda vez, a lei IceSave, que fora antes aprovada pelo Parlamento.
Estavam em causa quatro mil milhões de euros depositados em 700 mil contas bancárias na Holanda e Inglaterra, no banco online islandês Icesave, que faliu. Os depósitos de estrangeiros foram reembolsados pelos respetivos governos, que os queriam cobrar a Reiquejavique.
O acordo rejeitado permitiria escalonar o pagamento da dívida até 2045, com uma taxa de juro de 3,3 por cento ao Reino Unido e de três por cento no caso da Holanda.
“Não” superou pressões e chantagem
A decisão derrotou também as violentas pressões e a chantagem que se abateu sobre o país. Houve ameaças de bloqueio das exportações islandesas, nomeadamente os produtos piscatórios; paragem da ajuda financeira do FMI; bloqueio das negociações de adesão à União Europeia. As agências de notação também se intrometeram no voto islandês. Num comunicado datado de 23 de fevereiro, a Moody’s não teve rodeios: “Se o acordo for rejeitado, desclassificaremos sem dúvida a nota da Islândia para BA1 ou menos, levando em consideração as repercussões negativas que se seguiriam para a normalização económica e financeira do país”.
Finalmente, havia a ameaça de que o Reino Unido e os Países Baixos iriam processar a Islândia em tribunal e ganhariam. Mas nenhuma destas ameaças atemorizou o povo islandês.
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