A base de dados, que ficará disponível na internet a partir desta terça-feira, dia 5 de junho (o arquivo estará disponível para consulta aqui), conta já com cerca de oitenta por cento do arquivo do músico, o equivalente a mais de mil documentos, que incluem letras de canções, fotografias, anotações sobre peças de teatro, partituras, cartas, alinhamentos de espetáculos, maquetas, entre outros.
Este projeto começou a ser desenvolvido há mais de três anos e resulta de um trabalho de investigação do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM) da Universidade Nova de Lisboa, coordenado pelo professor Manuel Pedro Ferreira, diretor executivo do Centro e especialista em História da Música.
Em declarações à TSF, Manuel Pedro Ferreira destacou que este não é só um arquivo profissional, mas também pessoal: "É uma oportunidade única de penetrarmos na oficina do compositor, do cantautor e do produtor", assinalou.
O coordenador do projeto referiu ainda que o arquivo será alimentado com os novos trabalhos que o músico for desenvolvendo.
Segundo Manuel Pedro Ferreira, a obra de José Mário Branco deve ser estudada e tratada, "não apenas pela sua repercussão social, mas também pela sua qualidade e relevância artística".
"Há um coisa fantástica nele: um sentido muito especial na relação texto-música, de fazer com a música ou reflita ou faça um contraponto com o texto de forma muito consciente e desafiadora. É um compositor muito inteligente", sinalizou, acrescentando que "uma das coisas que deve ser sublinhada é essa capacidade de colocar pensamento na música e de fazer entrar isso em diálogo com o texto, de modo a criar um resultado com várias camadas de leitura".
A apresentação do arquivo digitalizado de José Mário Branco está marcada para terça-feira, às 17h, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com a presença do autor.
Já na quarta-feira, dia 6 de junho, o cantor e compositor apresentará o seu novo disco Inéditos (1967-1999) na Fnac do Chiado, em Lisboa, às 18h30. José Mário Branco conversará com o público sobre estes inéditos e também sobre a sua carreira, que conta já com meio século. Esta conversa será mediada por Nuno Pacheco, jornalista e responsável pelos textos incluídos no livreto de Inéditos (1967-1999).