Argentina, razões da vitória de Milei

A 19 de novembro, o candidato de extrema-direita venceu as eleições na Argentina, com mais de 11 pontos de avanço. Neste dossier, publicamos artigos e análises que abordam razões para este voto, origem desta viragem e consequências. Dossier organizado por Carlos Santos.

26 de novembro 2023 - 18:33
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Dossier Argentina, razões da vitória de Milei

A vitória de Javier Milei e a grande vantagem que obteve constitui uma vitória de toda a direita argentina, incluindo os militares da antiga ditadura - representados pela vice-presidente eleita Victoria Villaruel, assim como é uma vitória da extrema-direita internacional, que não tardou a saudar o novo presidente argentino.

Em Milei: a excecionalidade argentina, o economista Eduardo Lucita afirma que o resultado demonstra que as duas correntes que emergiram da crise e da revolta de 2001, kirchnerismo e macrismo, se esgotaram, tendo como resultado uma crise de representação e a fragmentação política.

Há quatro anos, em outubro de 2019, publicámos no esquerda.net o dossier Argentina: derrota anunciada de Macri num país destroçado”, salientando a derrota da direita de Macri e também a sua importância num tempo em que Bolsonaro era o presidente do Brasil. Sublinhava-se também as dificuldades do país e o cerco, que sofria, da finança internacional, liderada pelo FMI.

Furacão Milei. Sete chaves para as eleições argentinas, um artigo de Mariano Schuster e Pablo Stefanoni, realça que a excêntrica campanha do vencedor desencadeou uma “espécie de motim eleitoral antiprogressista”. A vitória da extrema-direita só foi, no entanto, possível pelo apoio que recebeu da direita de Macri, que terá um peso decisivo na evolução política no país e levanta a questão de qual o futuro de determinados aspetos da política de Milei como a dolarização ou o encerramento do banco central.

Em Argentina: o economista Murray Rothbard, mentor do candidato libertário Javier Milei, Romaric Godin, referindo as excentricidades do candidato, analisa e critica as teses do mentor de Milei, como a mercantilização total da humanidade. Rothbard defende o racismo e opõe-se aos feminismos, afirmando que “não existe realmente uma sociedade, mas apenas indivíduos que interagem”.

“Vitória de Milei: é preciso compor uma nova canção” afirma em artigo o ex-presidente do partido PSOL do Brasil, Juliano Medeiros, sublinhando que estas eleições foram “a derrota de uma estratégia”. Defende também que é necessária uma nova esquerda em toda a América Latina e aponta que “há uma janela histórica aberta para novos sonhos e canções”.

Publicamos ainda Notas sobre a vitória de Javier Milei, onde Valério Arcary considera que a vitória de Milei é semelhante à vitória de Bolsonaro, contendo os mesmos perigos. Arcary critica também os erros da campanha de Sergio Massa e, sobretudo, os erros do governo de Alberto Fernández, que acatou as condições impostas pelo FMI.

Em O ataque de Javier Milei contra as conquistas populares, o economista Claudio Katz defende que o modelo neoliberal que Milei pretende instaurar é o quarto ensaio da intentona reacionária iniciada por Rafael Videla, retomada por Carlos Menem e recriada por Mauricio Macri. O artigo trata das alianças do novo presidente com a restante direita argentina e das tensões criadas por esse processo.

Por fim, publicamos o artigo Ganhou o ultradireitista Milei. Enfrentar desde já o plano motosserra de Juan Carlos Giodano, deputado da Izquierda Socialista.

Note-se que os cortes impostos pelo FMI aumentaram a miséria e levaram a maioria da população agentina ao desespero.

Em todos os artigos que publicamos são abordadas perspetivas sobre a evolução política na Argentina, muitas com importância internacional, sobressaindo a “impiedosa guerra” que trabalhadores e a maioria da população argentina irão sofrer com os planos de corte à motosserra, que Milei ameaçou, e que significa cortes brutais sobre salários, pensões e serviços públicos.

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