Os incêndios na Amazónia no mês de agosto devastaram uma área de 29.944 km², o equivalente a 4,2 milhões de campos de futebol, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial). A área ardida é mais de quatro vezes superior à de agosto de 2018, quando arderam 6.048 km².
Apesar de o governo Bolsonaro ter anunciado o envio de 44 mil militares para combater os fogos na região Amazónica, só no mês de agosto ardeu 63% do total de área queimada no ano, que já atingiu os 43.573 km².
Esta área já supera o total de território da Amazónia queimado em todo o ano de 2018 (43.171 km²), e ainda estamos a começar o nono mês de 2019.
A diretora de ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Ane Alencar, afirma que o aumento no número de queimadas só pode ser explicado pelo aumento da desflorestação, já que não houve qualquer evento climático extremo que justifique essa situação. “Neste ano não temos uma seca extrema, como em 2015 e 2016. Em 2017 e 2018, tivemos um período chuvoso suficiente. Em 2019, não temos eventos climáticos que afetam as secas, como o El Niño, ou eles não estão acontecendo [de maneira] forte. Não há como o clima ser a explicação desse aumento [de queimadas]”.
Desflorestação continua a crescer
O Inpe também divulgou a área desflorestada no mês de agosto que representa um aumento de 222% em comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com o DETER, um levantamento rápido de alertas de evidências de alteração da cobertura florestal na Amazónia desenvolvido como um sistema de alerta para dar suporte à fiscalização e controlo da desflorestação e da degradação florestal realizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e demais instituições ligadas a esta temática.
Nos últimos meses, a desflorestação, comparada a anos anteriores, vem crescendo. Os meses de junho e julho, respetivamente, apresentaram crescimento de 90% e 278% da área desflorestada em comparação aos mesmos meses de 2018.
Para Ricardo Mello, gerente do programa Amazónia do WWF Brasil, a queimada é o processo final da desflorestação, com a conversão de uma área florestal em pasto para pecuária. “Em regra isso tem a ver com aumento de área de pastagem. Em poucos casos, como no norte de Mato Grosso, é ligado à agricultura e outros usos agrícolas”, afirma.