2018: o ano internacional em revista

2018 está a chegar ao fim e selecionámos neste dossier alguns dos acontecimentos que marcaram o ano no plano internacional. Dossier organizado por Luís Branco.

22 de dezembro 2018 - 18:59
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O ano de 2018 acentuou a trajetória política de viragem à direita, com a xenofobia a ganhar terreno sobre os escombros da austeridade que se seguiu à crise financeira. Mas também foi um ano de avanços nos direitos e liberdades em vários países, como no caso da legalização do aborto na Irlanda, a descriminalização da comunidade LGBT na India ou a legalização da canábis no Canadá.

Nos Estados Unidos, Donald Trump continua acossado pelas investigações judiciais e responde polarizando a sociedade em torno da sua agenda anti-imigração. Na Europa, a receita que pôs Trump na Casa Branca é imitada pelos líderes da direita xenófoba, como na Itália ou na Hungria, que conseguiram normalizar essa agenda reacionária dentro do próprio Conselho Europeu, quando foi chamado a decidir sobre políticas de acolhimento e asilo. A turbulência no Ocidente contrasta com o reforço do poder de Xi Jinping numa China apostada em tornar-se a próxima potência mundial no plano económico e político. E enquanto isso, as tropas ocupantes de Israel continuam a reprimir o povo palestiniano e a gozar da proteção de Washington.

Na América Latina, o ano político fica marcado por sinais contraditórios. Se no México, a vitória de López Obrador nas presidenciais foi um sinal de mudança importante e de esperança para a esquerda, o Brasil que elegeu Bolsonaro prepara-se para dar um salto no escuro, arriscando retrocessos nos direitos sociais e democráticos sem paralelo desde o regresso da democracia.  

Com Merkel fragilizada politicamente e a presidência Macron impotente face aos protestos que incendiaram as ruas de Paris, a União Europeia encontra-se num impasse político de que também são sintomas as negociações com o Reino Unido para o Brexit ou o silêncio cúmplice em relação à repressão espanhola sobre a vontade do povo da Catalunha.

O mundo está cada vez mais ligado à internet e a questão da privacidade dos nossos dados ganhou relevância a partir das quebras dessa privacidade por parte da maior plataforma de redes sociais do planeta. O Facebook partilhou durante anos os dados dos utilizadores sem o seu consentimento expresso e está agora sob a mira das autoridades em vários países. E também a Google tem visto a sua ação penalizada dos tribunais europeus, enquanto estreita os laços com as autoridades chinesas e com a censura que ali é praticada. Por falar em censura, o debate na Europa sobre o Artigo 13 da Diretiva dos Direitos de Autor vai prosseguir nos primeiros meses de 2019, quando o tema voltar para a votação final no Parlamento Europeu.

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