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2018: o ano internacional em revista

2018 está a chegar ao fim e selecionámos neste dossier alguns dos acontecimentos que marcaram o ano no plano internacional. Dossier organizado por Luís Branco.

O ano de 2018 acentuou a trajetória política de viragem à direita, com a xenofobia a ganhar terreno sobre os escombros da austeridade que se seguiu à crise financeira. Mas também foi um ano de avanços nos direitos e liberdades em vários países, como no caso da legalização do aborto na Irlanda, a descriminalização da comunidade LGBT na India ou a legalização da canábis no Canadá.

Nos Estados Unidos, Donald Trump continua acossado pelas investigações judiciais e responde polarizando a sociedade em torno da sua agenda anti-imigração. Na Europa, a receita que pôs Trump na Casa Branca é imitada pelos líderes da direita xenófoba, como na Itália ou na Hungria, que conseguiram normalizar essa agenda reacionária dentro do próprio Conselho Europeu, quando foi chamado a decidir sobre políticas de acolhimento e asilo. A turbulência no Ocidente contrasta com o reforço do poder de Xi Jinping numa China apostada em tornar-se a próxima potência mundial no plano económico e político. E enquanto isso, as tropas ocupantes de Israel continuam a reprimir o povo palestiniano e a gozar da proteção de Washington.

Na América Latina, o ano político fica marcado por sinais contraditórios. Se no México, a vitória de López Obrador nas presidenciais foi um sinal de mudança importante e de esperança para a esquerda, o Brasil que elegeu Bolsonaro prepara-se para dar um salto no escuro, arriscando retrocessos nos direitos sociais e democráticos sem paralelo desde o regresso da democracia.  

Com Merkel fragilizada politicamente e a presidência Macron impotente face aos protestos que incendiaram as ruas de Paris, a União Europeia encontra-se num impasse político de que também são sintomas as negociações com o Reino Unido para o Brexit ou o silêncio cúmplice em relação à repressão espanhola sobre a vontade do povo da Catalunha.

O mundo está cada vez mais ligado à internet e a questão da privacidade dos nossos dados ganhou relevância a partir das quebras dessa privacidade por parte da maior plataforma de redes sociais do planeta. O Facebook partilhou durante anos os dados dos utilizadores sem o seu consentimento expresso e está agora sob a mira das autoridades em vários países. E também a Google tem visto a sua ação penalizada dos tribunais europeus, enquanto estreita os laços com as autoridades chinesas e com a censura que ali é praticada. Por falar em censura, o debate na Europa sobre o Artigo 13 da Diretiva dos Direitos de Autor vai prosseguir nos primeiros meses de 2019, quando o tema voltar para a votação final no Parlamento Europeu.

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Neste dossier:

2018: o ano internacional em revista

2018 está a chegar ao fim e selecionámos neste dossier alguns dos acontecimentos que marcaram o ano no plano internacional. Dossier organizado por Luís Branco.

Brasil: o fim de um ciclo e um salto no escuro

A “tempestade perfeita” que levou Jair Bolsonaro à Presidência representa o fim do ciclo político marcado pela Constituição de 1988, e a abertura de um outro ciclo de contornos ainda em grande parte indefinidos. Por Luis Leiria.

A nova rota da seda constitui a estratégia expansionista mundial de Xi Jinping

A “nova era” de Xi

Em 2018, a China reconfigurou o poder, reforçando significativamente a liderança de Xi Jinping. Simultaneamente, o “Império do Meio” vem definindo uma estratégia de expansão mundial e exemplificou a aplicação prática do seu poder com a repressão implacável em Xinjiang. Por Carlos Santos

Macron, o “presidente dos ricos” caído em desgraça

O ex-banqueiro de investimento surgiu na cena política francesa como o grande reformador que ia salvar a Europa. Ano e meio de presidência tornaram-no no chefe de Estado mais impopular de sempre em França.

Governos xenófobos reforçam a sua influência na política europeia

As eleições italianas colocaram a direita xenófoba da Liga Norte no governo e as primeiras vítima foram os migrantes e as ONG que os resgatam da morte certa no Mediterrâneo.

2018, mais um ano de guerra permanente na Casa Branca

Acossada por investigações judiciais, a presidência de Donald Trump continua apostada na polarização da sociedade contra os migrantes latinos. O ano acabou com uma derrota eleitoral.

Os avanços nos direitos e liberdades em 2018

No ano que agora termina, vários países festejaram vitórias de algumas lutas sociais importantes. Da legalização do aborto na Irlanda à descriminalização LGBT na India, destacamos aqui alguns exemplos de lutas vitoriosas.

Crise política em Espanha e o impasse catalão

2019 será o ano do julgamento dos dirigentes políticos independentistas que organizaram o referendo catalão à independência. Um julgamento político caucionado pela indiferença dos governos europeus.

Repressão na Palestina, boicotes a Israel

O ano de 2018 voltou a ser de violência e repressão por parte do ocupante israelita nos territórios palestinianos. Mas ganhou força a solidariedade internacional na forma de boicote a Israel.

Gigantes da internet: acabou o tempo da impunidade?

2018 foi o ano em que as grandes empresas da internet, como a Google ou o Facebook, estiveram sob investigação pela forma como tratam os dados dos utilizadores. Na Europa, o debate sobre a Diretiva dos Direitos de Autor levantou receios sobre o aparecimento de uma nova censura promovida pelas grandes plataformas.

O Brexit em apuros

O prazo previsto para a saída formal do Reino Unido da União Europeia termina em março, mas a primeira-ministra está longe de obter luz verde dos deputados ao acordo firmado com Bruxelas.