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Numerosas violações da lei eleitoral na vitória confortável de Putin

Vladimir PutinVladimir Putin venceu confortavelmente as eleições legislativas na Rússia, obtendo o seu partido cerca de 63% dos votos. Apesar da vitória esmagadora, Putin teve menos 8 milhões de votos do que nas eleições presidenciais de 2004. Tanto a oposição como o Centro de Informação Independente, da organização social "Golos" (Voz), denunciam numerosas violações da lei eleitoral.

De acordo com os primeiros resultados oficiais Vladimir Putin obterá cerca de 315 dos 400 lugares da Duma, o parlamento Russo. Apenas mais três partidos superaram a barreira que permite eleger deputados: o Partido Comunista, o Partido “Rússia Justa” e os ultranacionalistas do Partido Liberal Democrático (de Vladimir Girinovsky). Putin não poderá cumprir mais mandatos a partir do próximo ano, mas acredita-se que tentará encontrar uma forma de continuar no poder.

As eleições ficaram marcadas por diversas denúncias de fraude eleitoral.

O Centro de Informação Independente, criado pela organização social "Golos" (Voz), afirma ter registado numerosas irregularidades. "Em várias regiões, as pessoas são levadas em grupos para votar e são controladas para ver a quem dão o voto", afirmou Grigori Melkoniants, vice-director desta organização, em declarações citadas pela Agência Lusa.

"No Distrito de Krasnoiarsk, os soldados de um quartel foram votar e nas cabines estavam pessoas que controlavam em quem votavam", exemplificou Grigori Melkoniants. E acrescenta que "em Tiumen, as pessoas que têm "okripitelnii talon" (certificado que permite votar fora do local de residência) votam várias vezes, porque ninguém lhes pede para o entregar".

Segundo o responsável, "em numerosas mesas de voto é autorizada a distribuição de brochuras e panfletos da Rússia Unida", o partido de Vladimir Putin

O Centro "Golos" dispõe de 2500 observadores que pretendiam visitar mais de duas mil mesas eleitorais, mas têm sido impedidos de realizar o seu trabalho, denunciando as detenções, chantagens e pressões de que foram alvo por parte das autoridades, para desistirem de acompanhar o escrutínio.

"Os nossos observadores foram impedidos de entrar em mesas de voto nas cidades de Novossibirsk, Ufa, Oriol, Tver, Voronej, Ekaterimburgo, Ulianovsk, Kazan. Alguns foram detidos e só saíram da prisão depois de aceitarem não trabalhar como observadores", contou Melkoniants.

Os partidos da oposição ao Presidente Putin queixam-se também de  violações da lei eleitoral.  Andrei Klytshkov, chefe adjunto do serviço jurídico do Partido Comunista, relatou à France Press que "as violações mais grosseiras" foram constatadas na utilização de urnas móveis destinadas principalmente aos inválidos, destacando que o número de pessoas inscritas para votar desta forma era "anormalmente elevado".
O Partido Comunista revelou ainda que vai pedir a impugnação das eleições.

Mesmo a Comissão Eleitoral Central da Rússia reconhece "irregularidades" na votação em algumas regiões do país, apesar de recusar a acusação de "ilegadidades em massa".

Resultados provisórios:
 

Rússia Unida (Putin): 62 a 64% 
Partido Comunista da Federação da Rússia – 11 a 12 %
Partido Liberal Democrático (ultranacionalista) – 8 a 10%
Partido Rússia Justa – 7 a 9%

Os restantes sete partidos ficarem muito aquém do valor mínimo (sondagem à boca das urnas):

Partido Agrário -2,7%
Partido Iabloko - 2,2%
União das Forças de Direita - 1,3%
Partido Força Cívica - 0,9%
Partido Patriotas da Rússia - 0,8%
Partido da Justiça - 0,3%
Partido Democrático - 0,2%

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