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Envenamento de Espião

AGENTE RUSSO MORTO ACUSA PUTIN
litvinenkoO ex-agente russo Alexandre Litvinenko acusa o presidente russo Vladimir Putin de ser o mandante da sua morte, numa carta póstuma lida hoje pelo seu porta-voz, Alex Goldfarb. “Poderá conseguir calar um homem (…)  mas os protestos de todo o mundo continuarão a repercutir-se, Sr. Putine, durante o resto da sua vida”, escreveu o agente morto nessa carta, que acusa o presidente Russo de ser “indigno desse cargo”.
A carta foi escrita a 21 de Novembro, 48 horas antes da morte de Alexandre Litvinenko, nela o agente pretende “dizer uma ou duas coisas à pessoa responsável pelo seu estado”. Liivinenko dirige-se a Putin dizendo-lhe que “mostrou não ter respeito pela vida, pela liberdade ou pelos valores da civilização”.
Em Moscovo, um outro antigo agente dos serviços de espionagem russos FSB, de nome Lougovo,  declarou ter-se encontrado em Londres com Litvinenko e dois outros russos num hotel em Londres, para falarem de “negócios”. Depois desta conversa, Litvinenko terá telefonado a 2 de Novembro para anular uma outra reunião, alegando que “não se sentia muito bem”.
O trânsfuga russo do FSB Alexandre Litvinenko veio a morrer ontem, aos 43 anos de idade. A morte foi devida a uma paragem cardíaca no Hospital University College, onde tinha dado entrada a 17 de Novembro, vitima de um envenenamento cuja origem e características os médicos não conseguiram estabelecer. A polícia londrina considera “inexplicada” a sua morte.
Os médicos toxicológicos, depois de terem avançado a hipótese de um envenenamento por thallium (metal pesado), não conseguiram ainda explicar a intoxicação fulgurante que causou a morte a este antigo membro dos serviços secretos russos.
Alexandre Litvinenko, antigo tenente-coronel do FSB, tornou-se conhecido quando denunciou publicamente, em 1988, uma tentativa de assassinato do milionário Boris Berezovski, hoje refugiado na Grã Bretanha.
O FSB tentou prender o seu antigo espião, mas a justiça ordenou a sua libertação. Em 2000, depois da eleição de Vladimir Putin, ele refugiou-se em Londres. Ai publica um livro onde acusa o FSB de ter feito os atentados de 1999 que deram origem à segunda guerra da Chechénia. Num segundo livro, Litvinenko denuncia que o FSB tinha reactivado o seu “laboratório de venenos”.
Segundo a imprensa russa, tanto Litvinenko, como a jornalista Anna Politkovskaia assasinada no dia 7 de Outubro e o deputado pertencente à comissão parlamentar de inquérito aos atentados de 1999, Iouri Chtchekotchikhine, morto em 2003, investigavam as circunstâncias em que se deu o retomar do conflito na Chechénia. Recorde-se que os analistas conseideram que estes atentados mudaram as intenções de voto dos russos, permitindo eleger Putin, sucessor indigitado do desacreditado e corrupto presidente Ieltsin.

 

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