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Confinamento(s) em tempo de ditadura

prisao

Testemunhos de resistentes antifascistas sobre o seu quotidiano na prisão e/ou na clandestinidade e as estratégias que encontraram para combater o isolamento. Organização por Mariana Carneiro.

Ramiro Raimundo aparece na foto ao centro, mais para trás, com bigode.

Comunicávamos com as outras salas por código, batendo na parede

8 de Maio, 2020 - 15:31h

Fui preso com 22 anos e fui torturado durante 8 dias, e depois vários dias em separado. Nesse tempo permanecíamos sozinhos numa pequena cela. Sem comunicações, livros ou revistas. (…) Nunca desanimei. Digo que vale a pena continuar a luta e não abrandar. Por Ramiro Antunes Raimundo.

Então, as palavras

7 de Maio, 2020 - 09:29h

São elas que me socorrem também, quando a porta se fecha, já em Caxias. “Rosas Vermelhas”, Manuel Alegre: “em Maio de 1963, eu estava na cadeia, isto é, de certo modo, eu estava no meu posto” – e sinto um estranho orgulho nesse posto. Por Diana Andringa.

Museu do Aljube, reprodução de uma cela.

Confinamento acossado

6 de Maio, 2020 - 09:35h

O sentimento de perseguição e acossamento e a necessidade de lhe responder com firmeza estiveram sempre no meu espírito. Sentia-me em permanente combate. Era com este sentimento que procurava formas de ocupar a desocupação, que percebia ser uma tortura, uma arma insidiosa virada contra mim. Por Carlos Brito.

Ser clandestino em tempo de ditadura e por causa dela

5 de Maio, 2020 - 12:41h

Estar numa casa clandestina é ter medo de cada toque de campainha, de cada barulho na rua mais estranho, de cada cara fora do habitual. Outro confinamento é o do isolamento na prisão. Caxias. Entramos, aferrolham a porta. Aquele som da chave a rodar, sem volta atrás. Por Isabel do Carmo.

Do confinamento sanitário às prisões da ditadura

4 de Maio, 2020 - 13:05h

Foi essa janela, por onde entrava o barulho mais longínquo dos carros e o ruído mais próximo dos sapatos de quem passava, que estabelecia a única ligação com o mundo que continuava cá fora. Naquele local escuro, aquela pequena janela fez-nos sentir mais acompanhados, deu-nos força para o que estávamos a enfrentar. Por José Castro.

Aurora Rodrigues, presa a 1 de maio de 1973.

Fui presa a 3 de Maio de 1973, faz anos hoje

3 de Maio, 2020 - 14:05h

Apesar de tudo, mantive sempre o meu espaço interior de liberdade, com pequenas coisas e pequenos gestos de rebeldia e de insubmissão. Cantei, cantava na cela de tortura, como se os pides não estivessem lá. Cantava a Ronda do Soldadinho de José Mário Branco. Por Aurora Rodrigues.

Antes de 25 Abril 74 nunca estive confinado, estive só preso

2 de Maio, 2020 - 09:29h

Da minha cela via um pouco de mar e a estrada que ia para Caxias e Cascais. Havia uma ou duas crianças que às vezes surgiam numa das curvas da estrada e pensava como seria Portugal quando tivessem a minha idade de então – 21 anos. Por Domingos Lopes.

O confinamento na prisão de Caxias

1 de Maio, 2020 - 15:36h

A partir de agosto de 1965, a seguir ao julgamento, fiquei só eu do grupo de estudantes, a cumprir os 16 meses da minha pena, que deviam terminar em maio. A rotina manteve-se com as presas que iam chegando à sala, exceto as lições de alemão porque a mestra saiu. Por Sara Amâncio.

Está aí alguém?

30 de Abril, 2020 - 15:03h

A bola, feita de jornais, com que nos entretínhamos, podia ir parar a outro compartimento, levando umas palavras escritas. Não era fácil. Eles evitavam que os espaços contíguos estivessem ocupados e havia que aproveitar a distracção do guarda e, nas costas dele, firmar bem o salto e a pontaria. Por Mário de Carvalho.

Confinamento(s)

29 de Abril, 2020 - 15:43h

Em tempo de ditadura, vivi duas experiências de confinamento com diferentes características. Em comum o facto de terem ambas a ver com uma escolha, dar um contributo para pôr fim a outros “confinamento(s)”, a ausência de Liberdade, de Pão e de Paz. Por Graça Marques Pinto (Magaça).

Pormenor da Cadeia do Aljube.

Há isolamentos e… isolamentos

28 de Abril, 2020 - 12:08h

Não é fácil fazer comparações e não me parece sequer ajustado. Mas a evocação de outras situações de isolamento, como a prisional, pode contribuir para melhor entendermos a capacidade de resistir e de viver de todos os homens e mulheres. Por Alfredo Caldeira.

Pormenor de um ferrolho no ex Campo de Concentração do Tarrafal, ilha de Santiago, Cabo Verde. Foto de Mariana Carneiro.

Confinamento(s) em tempo de ditadura

27 de Abril, 2020 - 23:28h

Durante as próximas duas semanas, o esquerda.net irá publicar um testemunho por dia de resistentes antifascistas sobre o seu quotidiano na prisão e/ou na clandestinidade e as estratégias que encontraram para combater o isolamento. O primeiro testemunho, de Alfredo Caldeira, será lançado esta terça-feira. Por Mariana Carneiro.